ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 05.04.1993.
Aos cinco dias
do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Vigésima Primeira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da
Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clênia Maranhão,
Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu
Santos Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Gerson Almeida,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib,
João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gemes, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu
D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas , Wilton Araújo e Jair Soares.
Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da
Vigésima Sessão Ordinária, a qual foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Cartas
da CRT - Companhia Riograndense de Telecomunicações, do Deputado Federal
Mendes Ribeiro, do SETCERGS - Sindicato das Empresas de Transportes de Carga
no Estado do Rio Grande do Sul, do Coordenador Municipal da Juventude
Socialista do PDT/RS, da Senhora Iolanda, Cidadã de Porto Alegre, da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no Rio Grande do Sul; Convites do
Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Porto Alegre, para
evento de apresentação da nova Diretoria da Entidade, para descerramento da
placa comemorativa ao centenário da mesma e homenagem ao Senhor Secretário
Clóvis Lonzetti, da Rede de Trabalho Comunitário e Social - Coletivo Gaúcho,
para o II Encontro Brasileiro de Trabalho Comunitário e Social, do MOTIRAN -
Movimento Trabalhista de Integração da Raça Negra, para os encontros realizados
às terças-feiras, às dezenove horas, no Centro Administrativo do Estado do Rio
Grande do Sul; Telegramas da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do
Sul, do Deputado Federal Nelson Jobim, da Liderança do PDT no Senado Federal,
do Senador Humberto Lucena; Telegrama do Senador Chagas Rodrigues; Programas do
Orçamento Participativo/94, do SEBRAE, SENAI-FIERGS, ACPA e FEDERASUL, para
cursos de Captação Empresarial, da Divulgadora do Programa de
Neurolingüística; Cartões da família de Normélio L. da Poian, do
Vice-Governador do Estado, do Deputado Estadual Quintiliano Vieira, da CRT -
Companhia Riograndense de Telecomunicações, da Câmara Municipal de Vereadores
de Faxinal do Soturno, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Social do
Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, foi aprovado Requerimento do Vereador
Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares
na data de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na Vereança o
Suplente Darci Campani e comunicado-lhe que passaria a integrar a Comissão de
Finanças e Orçamento. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Airto Ferronato,
01 Pedido de Informações nº 40/ 93 (Processo nº 946/93); pela Vereadora Clênia
Maranhão, 01 Pedido de Providências e 02 Pedidos de Informações nºs 42 e 43/93
(Processos nºs 976 e 977/93); pelo Vereador Eloi Guimarães, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador João Motta, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº
37/93 (Processo nº 935/93); e pelo Vereador Wilton Araújo, 01 Pedido de Providências
e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 36/93 (Processo nº 933/93). Em PAUTA - Discussão Preliminar estiveram, em 1ª Sessão,
os Projetos de Lei Complementar do Executivo nºs 05 e 06/92, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 07/93,
este discutido pelo Vereador Milton Zuanazzi, e os Projetos de Lei do
Executivo nºs 57/91, 46/92, este discutido pelo Vereador Dilamar Machado, e
71/92; em 2ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 05/93; e em 3ª Sessão, o Projeto
de Lei do Legislativo nº 135/92, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
10/92, discutido pelos Vereadores Maria do Rosário e Guilherme Barbosa, e os
Projetos de Lei do Executivo nºs 66 e 73/92. Em GRANDE EXPEDIENTE o Vereador
Guilherme Barbosa referiu-se à participação da FIERGS na negociação salarial
dos funcionários da CEEE, dizendo que o interesse daquela entidade é manter o
subsídio ao setor industrial, tendo em vista a mudança da política tarifária
energética no País. Criticou a atitude do Governo do Estado nessa negociação,
afirmando que a proposta de redução dos gastos com pessoal, apresentada pelo
Presidente da CEEE e pelo Secretário de Minas e Energia é inaceitável. O
Vereador Gerson Almeida falou sobre a ocupação de área pertencente ao Instituto
de Previdência do Estado, comentando proposta apresentada pelo Prefeito Tarso
Genro, que sugere destinar os recursos do Fundo Estadual de Desenvolvimento
para a solução do problema daquelas famílias, bem como a compra daquela área,
pelo Governo do Estado, e realização de financiamento para a cooperativa dos
ocupantes. Mencionou, ainda, reunião realizada hoje para avaliação dessa
proposta, dizendo não ter ocorrido o comparecimento de órgãos do Estado e
destacando a necessidade de medidas concretas para a solução desse problema. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Vereador Jocelin Azambuja reportou-se às declarações
dos Vereadores Dilamar Machado e Maria do Rosário na última sexta-feira, acerca
de matéria publicada na revista Istoé sobre o calendário rotativo. Afirmou ser
necessário manter uma postura coerente, criticando o posicionamento do PCdoB e
dizendo que esse Partido defende o referido calendário na Assembléia
Legislativa e o ataca nesta Câmara. Ainda, informou que solicitará à
Administração Municipal o cumprimento da lei que determina a existência de
faixas de segurança em frente às escolas. A Vereadora Helena Bonumá,
registrando o transcurso, dia vinte e um de março, do dia de luta contra todas
as discriminações, declarou não ser a discriminação episódio ocasional mas,
isso sim, elemento constitutivo e estrutural da sociedade. Relatou casos de
discriminação sofridos por vereadores em Alagoas e no nosso Estado e
questionou a recusa, pelo Banco de Sangue, de doações oriundas de homo ou
bissexuais, falando da instalação, nesta Capital, do Fórum pela Cidadania.
Finalizando, discorreu sobre jejum que vêm fazendo, em Porto Alegre, colonos de
Movimento Sem Terra, em busca de reassentamento de famílias de agricultores,
solicitando o apoio da Casa a esse movimento. O Vereador Henrique Fontana, dizendo
não ter sido concretizada a municipalização da saúde em Porto Alegre, criticou
a retirada, pelo Governo Estadual, de recursos da área de saúde para aplicação
na construção e reforma de estradas. Traçou paralelo entre a atuação dos
Governos Municipal e Estadual no referente ao setor de saúde, criticando a
atuação do Estado e atentando para as dificuldades apresentadas pelos postos
de saúde no Município. Ainda, criticou o projeto conhecido como “Unidades
Móveis de Saúde”, defendendo o uso dos recursos destinados a esse projeto na
recuperação dos postos de saúde já existentes. A seguir, o Senhor Presidente
registrou a presença, no Plenário, do Vereador Nestor Malta Soares, de Viamão,
e de funcionários das Câmaras Municipais de Frederico Westephalen e de Palmares
do Sul, estes em visita à Casa através de programa organizado pela Associação
de Servidores das Câmaras do Rio Grande do Sul. Em GRANDE EXPEDIENTE o Vereador
Isaac Ainhorn falou sobre comício presidencialista realizado ontem, em Esteio,
lembrando a realização, naquela Cidade, na década de setenta, do primeiro
encontro pró-reorganização do trabalhismo brasileiro e registrando encontro
ocorrido hoje, entre o Governador Leonel Brizola e o Jornalista Sérgio
Zambiasi. Ainda, leu e comentou trechos de “A Pedido” publicado pelo Jornal
Zero Hora, intitulado “A história de uma traição”, relativo à privatização da
Companhia Siderúrgica Nacional, onde é criticado o Presidente Itamar Franco,
pela continuidade das privatizações das estatais brasileiras e é destacada a
luta do Governador Leonel Brizola contra esse processo. O Vereador Jair Soares
teceu comentários acerca da crise observada na saúde pública do Brasil,
historiando acerca da criação e do desenvolvimento das instituições hoje
existentes, responsáveis por esse serviço, bem como analisando a origem dos
problemas por elas apresentados. Declarou que a extinção do Instituto Nacional
de Assistência Médica da Previdência Social e a criação de uma Secretaria
Nacional de Assistência Médica não representará a solução para a falta de
recursos na área da saúde, tendo em visita que esses recursos continuarão
sendo oriundos da Previdência Social. Na ocasião, o Vereador Nereu D’Ávila
formulou Questão de Ordem, respondida pelo Senhor Presidente, relativa ao uso
de tempo de Vereador, por parte do Líder da respectiva Bancada, quando o mesmo
encontrar-se ausente do Plenário. Em COMUNIZAÇÃO DE LÍDER o Vereador João Dib
reportou-se ao pronunciamento do Vereador Henrique Fontana, acerca da saúde
pública em Porto Alegre, questionando o quadro apresentado por aquele Vereador
no referente à atuação do Governo Municipal nesta área, em especial quanto aos
vencimentos dos médicos que trabalham em postos de saúde municipais. Destacou
que a informação do Secretário Municipal da Administração quanto aos valores
desses vencimentos não representa a realidade hoje observada em Porto Alegre,
criticando a atuação desse Secretário junto ao Governo Municipal. O Vereador
Airto Ferronato, destacando que vários usuários dos táxis do ponto fixo situado
junto à Rodoviária de Porto Alegre estão pagando tarifas acima das devidas por
esse serviço, defendeu a transformação desse ponto fixo em um ponto livre.
Disse que tal mudança amenizaria o problema, evitando, em grande parte, a
exploração sofrida pelos passageiros oriundos do interior do Estado, os quais
nem sempre possuem meios concretos de defesa. O Vereador Nereu D’Ávila
reportou-se às críticas hoje efetuadas na Casa, relativas aos salários dos
funcionários da CEEE e à política para a área da saúde seguida pelo Governo
Estadual. Defendeu o trabalho realizado pelo ex-Vereador Vieira da Cunha na
direção da CEEE, declarando estar sendo averiguada a existência ou não de
privilégios por parte de funcionários dessa Companhia. No referente à área da
saúde, relatou dificuldades existentes quanto aos recursos humanos, salientando
que os baixos salários dos médicos desestimulam a atuação profissional em
determinadas zonas. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi
iniciada a ORDEM DO DIA, sendo aprovado Requerimento do Vereador Airto
Ferronato, solicitando que o período de Comunicações do dia vinte e oito de
abril do corrente seja destinado a homenagear o Jornalista e Radialista Enir
Borges e a produtora Maria Helena Borges, do Programa “Comunicação Pampa”,
emissora da Rede Riograndense de Comunicação, pelos relevantes serviços
prestados a comunidade, em especial aos idosos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
João Dib reportou-se ao pronunciamento da Vereadora Maria do Rosário, durante
o período de Pauta, acerca do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
10/92, o qual trata do parcelamento do solo para implantação de loteamentos
populares. Destacou que os valores cobrados pelo Departamento Municipal da
Habitação são altos, nem sempre acessíveis para a comunidade mais carente.
Ainda, discorreu sobre a importância de que seja efetuado amplo de date sobre o
referido Projeto, tendo em vista as implicações resultantes de uma legislação
quanto a parcelamento de solo sobre o quadro hoje apresentado pelo setor
habitacional em Porto Alegre. O Vereador José Gomes discorreu acerca da
situação observada no Presídio Central da Cidade, o qual se encontra com
excesso de lotação e com noventa por cento dos presidiários portadores do vírus
HIV. Declarou que dentro desse presídio não ocorre o necessário atendimento
médico, solicitando que a Casa tome uma posição a respeito, visando,
principalmente, a distribuição do remédio AZT, para que seja viabilizada a
sobrevivência dos detentos contaminados pela AIDS. O Vereador Guilherme Barbosa
registrou debate a ser realizado dia treze do corrente, às dezenove horas,
acerca do reinício das obras de construção da Usina de Jacuí I, declarando sua
preocupação com o potencial poluente dessa Usina, face à inexistência de adequado
equipamento antipoluente. Também, no referente aos problemas enfrentados pela
CEEE, declarou que os mesmos não são causados pelos funcionários, possuindo uma
origem mais abrangente e complexa. Finalizando, lamentou termos utilizados
pelo Vereador João Dib, durante seu pronunciamento em Comunicações. O Vereador
Milton Zuanazzi declarou conhecer o funcionamento e os problemas da CRT,
defendendo a abertura do capital dessa empresa na bolsa de valores, com prévia
especificação do uso dos recursos assim conseguidos, sem que seja igualmente
entregue a gestão da empresa. Falando da falta de recursos com a qual convive a
estatal em questão, salientou que a partir da implantação de um milhão de
linhas a CRT tornar-se-á viável, ultrapassando a fase inicial de investimentos
em infra-estrutura, O Vereador Jocelin Azambuja reportou-se ao pronunciamento
do Vereador Milton Zuanazzi, relativo à CRT, declarando-se preocupado com
posicionamentos assumidos pelo Governo do Estado no referente a abertura do
capital da empresa na Bolsa de Valores. Falou sobre os acidentes de trânsito
verificados junto às escolas municipais, salientando a importância de que seja
priorizada a atenção ao trânsito próximo aos estabelecimentos escolares para
que seja garantida a segurança da comunidade estudantil. Neste sentido,
solicitou o cumprimento de legislação aprovada pela Casa, relativa ao assunto.
Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS o Vereador José Gomes declarou ter protocolado Projeto
de Lei visando obrigar as empresas de transportes coletivos a instalar em seus
veículos dispositivo que viabilize a imediata localização do mesmo pela polícia
em caso de tentativa de assalto. Destacou existir uma empresa gaúcha com
condições de fornecer tal dispositivo, atentando para a agilidade que o mesmo
proporcionaria no combate à violência na Cidade. O Vereador Gerson Almeida
discorreu sobre o processo em curso de abertura do capital da CRT na Bolsa de
Valores, declarando que qualquer processo de capitalização deve primar pela
transparência junto à sociedade, o que não estaria ocorrendo no caso da
referida Companhia. Comentou pontos obscuros observados no assunto, como o caso
conhecido como “Caso do Protocolo da STET”, relativo à participação na
gerência da CRT da Estatal de Telecomunicações Italiana, e a questões não
totalmente esclarecidas quanto à auditoria contratada pelo Governo Estadual
visando buscar soluções para os problemas da CRT. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER o
Vereador João Verle teceu comentários sobre discussões efetuadas na Casa, relativas
ao problema habitacional enfrentado pelo Município. Nesse sentido, analisou
especificamente a situação observada em área ocupada na Vila São Borja, de
propriedade do Instituto de Previdência do Estado, destacando a necessidade de
que deverá ser buscada uma solução pacífica para o caso e informando que não
ocorrerá amanhã, como anteriormente previsto, o despejo das famílias ocupantes
dessa área. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos às dezessete horas e vinte e cinco minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à. hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Wilton Araújo,
Milton Zuanazzi, Airto Ferronato, Clênia Maranhão e Clóvis Ilgenfritz e
secretariados pelos Vereadores Airto Ferronato e Clênia Maranhão. Do que eu,
Airto Ferronato, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos
e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): Passaremos à
1ª SESSÃO
PROC. 0481/92 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO EXECUTIVO Nº 005/92, que dispõe sobre o Fundo Municipal de Saúde - Com
emendas de nºs 01,02,03 e 04.
PROC. 0714/92 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N° 06/92, que altera dispositivos da Lei Complementar n° 269, de 22.01.92, que institui o Banco de Terras do Município de Porto Alegre e dá outras previdências. Com Emendas de n°s 01 à 09.
PROC. 0730//93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N° 07/93, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que regulamente o artigo 104 da Lei Orgânica Municipal e dá outras providências.
PROC. 2815/91 - PROJETO DE LEI EXECUTIVO N°
57/91, que altera a redação do artigo 4° da Lei n° 4080/75 e dá outras
providências. Com Emendas n°s. 01,02,03 e 04; Com Subemenda n° 01 à Emenda n°
01.
PROC. 1766/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 46/92, que trata da venda de área de terra situada no Loteamento
Industrial da Vila Dona Teodora que o DEMHAB faz ao DMAE.
PROC. 2440/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N° 71/92, que autoriza o Poder Executivo a permutar imóveis do patrimônio
público por outro, de propriedade de François Wertheimer.
2ª SESSÃO
PROC. 0761/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N°
05/93, do Ver. Airto Ferronato, que concede o título honorífico de Cidadão
Emérito ao Professor Ivan Walter Langer.
3ª SESSÃO
PROC. 1651/92 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N° 135/92, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que dispõe sobre a
publicação oficial da relação de compras, bem como de obras e serviços
contratados pelo órgão da Administração Pública direta, indireta ou fundacional
do Executivo e Legislativo Municipais.
PROC. 1988/92 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO EXECUTIVO N° 10/92, que acrescenta o inciso V ao artigo 49, a letra “i”
ao inciso II do artigo 139, dá nova redação ao Capítulo III da Lei Complementar
n° 43, de 21 de julho de 1979, e dá outras providências.
PROC. 2134/92 - PROJETO DE LEI EXECUTIVO Nº
66/92, que autoriza o Município a alienar imóvel de sua propriedade, com
dação em pagamento, a Annita Vanário Mistrello, Plínio Vanário Mistrello e
Ismael Vanário Mistrello, e dá outras providências.
PROC. 2474/92 - PROJETO DE LEI EXECUTIVO Nº
73/92, que declara de utilidade pública o Clube de Mães Joana D’ Arc do
Morro Alto.
O SR. PRESIDENTE
(Clóvis Ilgenfritz): Em discussão a Pauta.
Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e os Srs. Vereadores, na Pauta, o
Departamento Municipal de Habilitação, através do Executivo, em projeto de lei
encaminhado pelo Prefeito Tarso Genro, que solicita a esta Casa aprovação para
venda de área de terra situada no loteamento industrial da Vila Dona Teodora,
que o DEMHAB faz ao DMAE.
A princípio me parece uma coisa um pouco estranha,
se fosse ao contrário, o DMAE propondo a venda de uma área de terra para o
DEMHAB pareceria mais do que lógico. Eu não li, ainda, eu me inscrevi para
discutir a matéria porque eu não li, e como eu conheço a área, e nela trabalhei
como diretor do DMAE, estou vendo aqui que a área em questão, objeto de
alienação é constituída de uma área de terra localizada na Avenida J. Renner, a
72 metros do cruzamento desta avenida com a Rua Dona Teodora, possui uma
superfície de 72.807,88 m². Me parece que são mais de 7 hectares. Parte de um
todo maior de 139.000 m² ou seja, de 3 hectares, o preço não importa.
Já me faz sinal o companheiro Guilherme Barbosa,
ex-Diretor do DMAE, que, por certo, vai-me esclarecer. Quanto ao interesse do
DMAE eu não tenho dúvida, Vereador, se o DMAE está adquirindo uma área de terra
numa região da Cidade, possivelmente é para construção de algum equipamento, ou
de obra de saneamento, de interesse da população. A dúvida que eu tenho, e
quero esclarecimento de V. Ex.ª é se esta área está sendo oferecida ao DMAE
pelo DEMHAB, é a área onde está instalada a Vila Dona Teodora.
O Sr.
Guilherme Barbosa: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Dilamar, o meu pedido de aparte é para ajudar no debate da questão. Esta é
uma área que fica exatamente ao lado da Vila Dona Teodora. É uma área que será
utilizada posteriormente para a construção de uma estação para tratamento de
esgoto cujo projeto está dentro do Pró-Guaíba, esse projeto que o Governo do
Estado está fechando agora com o Banco Interamericano, o BIRD, e atualmente o DMAE
já utiliza como depósito de muitos dos seus materiais, de canos, e outros tipos
de materiais utilizados nas suas construções. Esse é o objetivo dessa
negociação; é uma negociação antiga e me parece que começaram algumas
negociações quando o Senhor era Diretor do Próprio DEMHAB, depois foi levado
adiante. Havia posições diferenciadas dos setores jurídicos dos departamentos
até que se chegou a uma posição comum entre os dois departamentos e está sendo
encaminhada a esta Casa, agora. O objetivo é de uma ETE que vai tratar do
esgoto da Zona Norte da Cidade.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Pela informação do Ver. Guilherme Barbosa, não se trata da
área em que está instalada a Vila Dona Teodora, muito menos das áreas lindeiras
onde existem empresas particulares instaladas, depósitos, mas sim de uma área
onde não há habitação em cima e nem sub-habitação, mas que está já ocupada pelo
DMAE há muito tempo com o depósito e que quer construir ali uma estação de
tratamento de água.
O Sr.
Guilherme Barbosa: Só complementando. Existem ocupações. Acho que meia
dúzia ou dez casas.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Pelo que eu li em um relatório antigo, existiam doze
sub-habitações. Foram removidas, pela informação da época nove e ainda existiam
três famílias. É uma questão menor e por isso é importante que, nós Vereadores,
ao recebermos a matéria examinemo-la. Precisamos colher as informações de quem
conhece o assunto; casualmente eu fui Diretor do DEMHAB e o companheiro
Guilherme foi Diretor do DMAE. Não somos melhores do que ninguém, apenas temos
um conhecimento prático da matéria. O que V. Ex.ª me diz me satisfaz. Não
duvido da informação que me trás e passo, a partir deste momento, a entender a
transação porque, realmente, no primeiro momento, me assuntou ver o DEMHAB
vendendo áreas de vilas populares e áreas populares para o DMAE quando, na
verdade, o DEMHAB, deveria estar adquirindo áreas para instalação e implantação
de projetos habitacionais. Neste ponto, por se tratar de uma estação de
tratamento de esgoto, em uma área carente, que necessita dessa obra, eu me
proponho, a partir desse momento, juntamente com o Ver. Guilherme Barbosa
defender a matéria que, indiscutivelmente, ela é de interesse da Cidade de
Porto Alegre e não prejudica uma das áreas mais carentes, mais pobres, mais desvalidas,
que é aquela região de Humaitá e Navegantes. Uma obra que só pode trazer
benefícios e, pela informação que V. Ex.ª me dá, nenhum prejuízo às populações
marginalizadas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Vamos aproveitar a existência de “quorum” para
colocar em votação o pedido de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt, para tratar
de assuntos particular nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados (Pausa.) APROVADO.
Toma posse o suplente Darci Campani, durante a
licença do Ver. Antônio Hohlfeldt. S. Ex.ª já se encontra em plenário e já
prestou compromisso anteriormente.
Continuando a discussão da Pauta, o próximo,
inscrito é o Ver. Clóvis Ilgenfritz. (Desiste.) O próximo inscrito é o Ver.
Pedro Ruas. (Ausente.) Tem a palavra a Vereadora Maria do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O que me traz à tribuna,
nesta discussão de Pauta, é o Projeto de Lei Complementar do Executivo n°
10/92, que está na Pauta em 3ª Sessão. Este Projeto busca regulamentar o
Capítulo da Política Urbana, Capítulo II da Constituição. Trata, por
conseguinte, da questão do parcelamento urbano. Sobre ele eu tenho feito alguns
estudos e tenho algumas preocupações. A primeira questão que coloco aos colegas
pensarem é no seguinte sentido: a nossa Constituição Federal deverá passar,
neste ano de 1993 por uma reforma constitucional, pelo que tudo o que trata a
Constituição estará em discussão, inclusive o capítulo da política urbana, ou o
art. 162. Nesse sentido é que penso que um projeto tão abrangente quanto esse,
que trabalha a idéia do parcelamento do solo urbano, não se justifica, às
vésperas de uma revisão constitucional, onde os técnicos, de um modo geral,
trabalham no aprimoramento do art. 182, que trata da política urbana, da
política de desenvolvimento urbano. O que mais me preocupa nesse projeto do
Executivo é que ele não regulamenta o artigo, mas oficializa, de um modo geral,
a favela no Município de Porto Alegre. Em que medida? Na medida em que esse
projeto trata de reduções inaceitáveis no tamanho dos terrenos do Plano
Diretor: reduzindo de 10m de frente para 5m. Estamos trabalhando com a
oficialização da moradia em cubículos. É um projeto que, no meu ponto de vista -
tenho feito leituras e procurado técnicos do setor - passa por cima da doutrina
arquitetônica e urbanística, de uma forma irreversível, inclusive no sentido da
diminuição do espaço das ruas, das praças, dos largos. Esse projeto não atende
à necessidade de uma política urbana que atenda às necessidades da população.
Chamamos a atenção dos Srs. Vereadores para que não passe em branco esse
projeto que modifica radicalmente a estrutura urbana de Porto Alegre.
Principalmente, gostaria de me referir ao art. 191, que prevê a
responsabilidade do adquirente na complementação das obras, deixando de ser o
loteador a figura responsável pela infra-estrutura da moradia; o loteador
lucraria com a diminuição do terreno, com a venda do terreno, e não sendo
responsável pela infra - estrutura.
O Sr. João
Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu vejo a
preocupação de V. Ex.ª e me agrada que os Vereadores se preocupem com o projeto
de parcelamento do solo em Porto Alegre, mas imagino, conforme o discurso, de
V. Ex.ª como devem se sentir os moradores das Ruas Jacundá e Murá, onde estão
construídos trinta e três sobrados, em seiscentos e setenta metros quadrados -
são vinte metros quadrados para cada um - trinta e três sobrados. Isto é a
administração da Prefeitura quem está fazendo e patrocinando. Cento e vinte e
cinco metros quadrados para cada casa é melhor.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: É muito preocupante, de toda a forma eu gostaria de chamar a
atenção dos meus colegas para esse Projeto, e inclusive o Ver. João Dib
contribuiu com seu aparte.
Alem disso, colegas, eu trago uma preocupação com
relação à situação do IPE. Na semana passada, tivemos aqui presentes o pessoal
que fez a ocupação no IPE; hoje pela manhã tivemos uma reunião na sede do IPE
com a sua direção, e na segunda-feira passada, outra reunião. Na reunião de
segunda-feira passada, o IPE deu prazo de mais uma semana para ouvir o DEMHAB,
e a COHAB, à cerca da situação do terreno, uma vez que o IPE deixa claro que,
neste momento, o IPE não tem interesse em investir numa cooperativa
habitacional no seu terreno. Nesse sentido, o prazo máximo era hoje, e o DEMHAB
tinha se encarregado de levar uma proposta, não levou uma proposta nova, mas
reeditou a proposta antiga. Na proposta que o DEMHAB levou, novamente, ao IPE,
há duas questões a que o IPE se posicionou contra. A primeira delas é quanto a
uma cooperativa, dentro do terreno: o IPE não teria interesse em administrar
uma cooperativa, na qual os moradores ficassem devendo a ele o valor do terreno
individual. O IPE precisaria, e é essa a reivindicação que o Instituto faz, do
valor do terreno acrescido de que, aquele terreno é uma reserva técnica das
pensões que o Instituto de Previdência Social tem.
Hoje, nós voltamos ao IPE, eu não estive presente,
mas lá esteve o meu representante, e nessa reunião o DEMHAB não levou nada de
novo, o que ocasionou que, por parte do Instituto, a liminar será colocada
amanhã. Na prática, existe um prazo até amanhã de manhã para a desocupação do
terreno pelas famílias.
Este é um assunto de muita relevância para a Câmara
de Vereadores, na medida em que é o primeiro grande embate desta Legislatura em
torno da questão da moradia, que é uma das questões mais graves do nosso povo.
E, dessa forma, penso que nós, Vereadores desta Cidade, não podemos nos omitir
desta questão.
Agora, ao meio-dia, liguei para o Prefeito Tarso
Genro e o Prefeito se colocou à disposição de ouvir os moradores, a partir de
que fosse ouvido por ele, o Diretor do DEMHAB, Sr. Hélio Corbellini. Esse
contato já foi refeito e hoje à tarde, o Prefeito vai atender.
O governo do Estado está recebendo o pessoal da
ocupação, e eu tenho a impressão de que nós, Vereadores, eu já tinha proposto
uma Comissão Especial, mas depois chegamos à conclusão que a própria CUTHAB
poderia desenvolver, deveríamos nos fazer presentes nessa reunião com o
Prefeito, no sentido de pressionar, por uma solução. Não adianta com essas
questões de terreno, principalmente em momento de ocupação, fazermos muitos
discursos e não apresentarmos soluções objetivas para a questão.
Qual é a solução objetiva para essa questão do IPE?
É a permuta do terreno. É a partir dessa permuta, que antigamente o Município
aceitava e que agora não está mais colocando em Pauta, que nós podemos
encontrar uma solução para que essas mais de mil famílias encontrem um lugar
onde morar, de imediato.
Nesse sentido, o que eu faria é o apelo, para que
nós, agora à tarde, acompanhássemos as tratativas que ocorrem com o Sr.
Prefeito Municipal.
Coloco-me à disposição, inclusive por estar
acompanhando no cotidiano o problema, para que nós fôssemos até o Prefeito,
juntamente com os moradores, no sentido de que a administração viesse o propor
alguma área para o terreno. Se não for uma área que cubra o total do valor do
terreno, que se entre em negociação com o Governo do Estado, mas que não se
permita que amanhã de manhã, esse pessoal tenha que desocupar o terreno, sem
ter para onde ir. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Milton Zuanazzi.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está em pauta o Processo
0730/93, Projeto de Lei Complementar 077/93 do Ver. Antonio Hohlfeldt que
regulamenta o art. 104 da Lei Orgânica. O art. 104, assim como o art. 103, na
seção 4, é do direito de informação, e o Vereador, evidentemente, legisla sobre
o que a Lei Orgânica deixa de Legislar: a participação da sociedade civil. Acho
excelente a iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt e tem de pronto o meu apoio. O
que me chama a atenção é que os pedidos de informações, aqui, da Câmara, não
estão sendo cumpridos. Se nós sequer estamos resolvendo os nossos pedidos,
vamos regulamentar uma legislação que vai aumentar isso em uma centena de
vezes! A Prefeitura não está conseguindo vencer os prazos, com trinta e três
Vereadores. O próprio Ver. Hohlfeldt tem pedidos de informações com prazo
vencido, eu, também, tenho um no DMLU com o prazo vencido. O Ver. Isaac Ainhorn
em todas as Sessões pede uma questão de ordem em função de um pedido de
informação que teria feito em onze de janeiro, e, até agora, não teve retorno.
Partimos para a regulamentação de uma matéria que amplia a sociedade civil,
dando o mesmo prazo de trinta dias, requer uma discussão com o Executivo.
Talvez, haja uma disfunção no meio do caminho. A lei existe, é clara, nós
fazemos os pedidos de informação, baseados no que manda a lei. Agora, vamos
regulamentar uma ampliação à sociedade, com a qual concordo, plenamente, mas
que nem nós, os trinta e três Vereadores, conseguimos ver cumpridos os pedidos
de informações. Trago como exemplo os pedidos de informações do Ver. José Gomes
e do Ver. Jocelin Azambuja feitos ao Estado e dos quais já receberam a reposta.
Bastaria um ofício dizendo não ter condições de responder e já me satisfaria,
Ver. Campani. Vejo que essa reclamação é do próprio Ver. Antonio Hohlfeldt, que
infelizmente não está aqui hoje. Conversávamos, outro dia, informalmente, e o
Vereador Antonio Hohlfeldt também dizia: “há pedidos de informações meus
também”. Então, trouxe o assunto em pauta, porque isso precisa ser acertado,
precisa ter um nível de agilidade, porque senão dificulta a nossa atuação com
representantes do povo de Porto Alegre.
O Sr. Pedro
Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre
Vereador, muito mais do que nós discutirmos esta agilização, que não existe,
porque um veto aqui é um veto disputado, porque o Executivo tem uma
preponderância para conseguir aquilo que quer, é indescritível queria
acrescentar à sua intervenção, de que nós, Vereadores, os deputados federais e
estaduais, precisamos pensar muito nesta tal de democracia participativa. Ela
está ficando de tal maneira agigantada, por fragilidade dos parlamentares, que
qualquer dia destes, pode dispensar uma Câmara Municipal, uma Assembléia Legislativa
e uma Câmara Federal. Para quê? Não precisa representante do povo. Estou
sentido, e já estou no ramo descendente da vida, de que isto é muito grave, e
os Vereadores precisam pensar com muita atenção sobre isto. Estão entregando o
poder, e quem entrega poder não tem o estofo, o alicerce para ser poder. Muito
obrigado.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Agradeço o aparte, discordando em gênero e número com a posição
de V. Ex.ª. Entendo que a democratização é algo necessário, resgata a
cidadania. Não haverá representação parlamentar sem o cidadão integral. Agora,
isso não significa que nós devemos abrir mão de instrumentos e das
instituições, as quais estamos a representar. É evidente que se a Lei Orgânica
está determinando 30 dias, tudo isso caberia após o não cumprimento de 30 dias
de um pedido de informação. Tudo isso caberia, mas a ninguém está aqui para um
nível de radicalidade desnecessária. Meu papel, me parece, de questionar isto,
é de que se nós não estamos conseguindo até agora que os 33 Vereadores desta
Casa, consigam ter os seus pedidos de informações em repostas hábeis, nós
estamos ampliando a sociedade civil para que? É necessário, antes, que nós, do
Legislativo com o Executivo, demos o exemplo recebendo essas respostas, para
que se amplie a sociedade, para que a sociedade venha, faça seu pedido de
informação e, em 30 dias, receba o retorno. Ficaria muito complicado se a
sociedade civil começasse a reivindicar e não obtivesse esse retorno no prazo
regimental, ou contrário: ela venha a ter e nós não. Aí as pernas trocaram-se
pela cabeça e não chegaremos a lugar nenhum. Nós precisamos - a Bancada do
Governo inclusive - sentar para ver como se agiliza esse tipo de coisa. Meus
pedidos de informações são na intenção de legislar pela Cidade; não estou pedindo
informação porque a categoria A ou B simplesmente está me pedindo. Quero
legislar sobre o assunto com conhecimento e com dados do Executivo. Por isso o
pedido de informação é fundamental para uma boa atividade parlamentar. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Vereador Guilherme Barbosa.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Farei, inicialmente,
algumas considerações sobre o Projeto do Executivo sobre o parcelamento do
solo. Quero transmitir uma experiência que passei durante minha gestão no DMAE
com relação a este tema. Fui procurado dezenas de vezes por comunidades
assentadas em loteamentos irregulares solicitando o abastecimento de água. Ao
dirigir-nos ao local vimos uma comunidade de baixo poder aquisitivo, carente de
água, mas se aquele loteamento tivesse toda a infra-estrutura que a legislação
atual exige, não haveria possibilidade dessas pessoas adquirirem aqueles
terrenos para construírem as suas casas. O DMAE ficava no seguinte impasse:
todo o ser humano necessita de água – o elemento mais fundamental para a
manutenção da vida - e como fazer se aquele loteamento era irregular, não
estava autorizado e recebido pela Prefeitura. Se nós percorrermos a periferia
da nossa Cidade nós vamos encontrar esta situação muito freqüente. Nós chegamos
a uma situação que revolveria o problema. Como o DMAE por Lei está proibido de
investir nessas regiões, o que fizemos? O DMAE dava o projeto, a comunidade que
lá estava residindo adquiria o material, inclusive colocava a rede no local e o
DMAE finalmente regularizava a água nas comunidades. Nós procurávamos uma saída
intermediária em cima do fato. É uma questão real, hoje, que nós temos que
debater. Os terrenos devem continuar tendo dez por trinta, ou nós podemos
reduzir um pouco para que mais pessoas possam ter acesso a esses terrenos? Nós
podemos dar uma possibilidade na medida em que o proprietário investe mais,
adensar mais, neste seu loteamento? São questões que nós temos que discutir e
este Projeto coloca isto em discussão.
O Sr.
Dilamar Machado: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero
dar um depoimento à V. Ex.ª, tenho certeza de que vai lhe agradar, diz respeito
a um exemplo prático na Vila Chácara da Fumaça. Ali, quando nós implantamos
aquele loteamento, aquela área me parece que havia sido adquirida ainda no
Governo Dib, o Ver. Zanella também participou, apenas era uma área abandonada
não ocupada pelas casas e famílias pobres. Nós fizemos um levantamento, a idéia
de V. Ex.ª é correta, é socialmente justa, nós não podíamos implantar um número
de famílias mantendo as dimensões tradicionais e burguesas de dez por 25, que é
o ideal, 250 m², mas não para vila popular, e na Chácara da Fumaça, ali na Vila
Cruzeiro, Vila Tronco, junto a Creche da Tronco, lá na Vila Restinga, na Vila
dos Flagelados, na Castelo, na Vila Santa Helena, os terrenos são de sete por
quatorze, nunca houve incêndio coletivo, não morreu ninguém afogado nem
apertado, as pessoas vivem ali pelo menos decentemente. Sou favorável à idéia
de que se possa reduzir a dimensão de terrenos para assentamentos de baixíssima
ou de baixa renda.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Dou o testemunho de que eu moro em um terreno que tem 7m
por 18m, a questão é depois, que tipo de situação se dá no geral. Não
exatamente o terreno isoladamente.
O Sr. Artur
Zanella: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esse
processo, o ano passado, não foi votado porque, na verdade, chegou numa hora
muito inoportuna. Eu combinei com o Ver. Mário Fraga, que é Presidente da
CUTHAB, e que tem estranhamente, a CUTHAB, nesta área as mesmas atribuições da
Comissão de Finanças e Orçamento, e nós estamos fazendo um seminário junto com
a ATP para discutirmos esse assunto, porque a UAMPA, a FRACAB, a época, colocaram
algumas restrições. Então, nós pretendemos fazer este seminário, já estão sendo
expedidos os convites para que a gente possa, após o seminário, ao menos no que
nos concerne, ter condições de votar.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Obrigado. De qualquer forma, acho que é um projeto que
tem alguns assuntos que pedem debate; nós temos que aprofundá-los e, inclusive,
melhorar o projeto. Quero também tocar no assunto área do IPE, trazido pela
Vereadora Maria do Rosário. É um assunto candente que diz respeito a todos nós,
mas quero afirmar que a Prefeitura, com parte desse processo, não tem se negado
a propor questões. Entregou, na outra segunda-feira que eu estava presente, uma
proposta que ultrapassa, inclusive, a questão da área neste momento, porque não
temos que pensar, também, na construção posterior das casas que é um
investimento superior à aquisição da área e o DEMHAB está se colocando, ou
melhor, contribuindo com 20% do valor da área ou índice construtivo, se o IPE
tiver necessidade. O que nós não podemos, ao exigir a parcela de sacrifício do
Município, é esquecer, de propósito, ou realmente um esquecimento real, de
colocar nesse jogo o Governo do Estado que é o setor que tem mais recursos do
que a Prefeitura. Ninguém pode se omitir e não podemos esquecer o Governo do
Estado nem assumir a sua responsabilidade e temos que cobrar, também, dele.
A Srª Maria
do Rosário: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acho
que o Ver. Guilherme Barbosa traz muito oportunamente esta questão. Acho que a
Prefeitura fez um esforço, fez uma proposta na última segunda-feira, mas foi
rejeitada, o IPE não aceitou e uma semana depois tem a mesma proposta, o que
criou um impasse concreto. É preciso avançar nesta proposta por parte da
Prefeitura, mas acho, e V. Ex.ª tem razão nesse sentido, que o Governo do
Estado tem que assumir a sua parcela de responsabilidade. Nós ao mesmo tempo
que estamos indo à Prefeitura, que uma comissão vá até o Governo do Estado e
exija que o Governo e administração assumam a responsabilidade. Acho muito
oportuno, eu só gostaria de fazer o aparte para clarear bem concretamente a
nossa posição acerca do assunto.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: E o que ficou decidido na segunda-feira da semana
passada é que haveria uma proposta conjunta do DEMHAB e Governo do Estado,
através da COHAB, coisa que eu não sei que tem acontecido ou avançado. Então,
não se pode fazer apenas a cobrança da Prefeitura, e sou forçado a dizer: é um
setor que já apresentou proposta, mesmo que não seja globalizante e que não solucione
definitivamente, é quem realmente apresentou proposta, enquanto o Governo do
Estado, enquanto tal ou mesmo através da COHAB, nada fez. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib. (Ausente.)
GRANDE EXPEDIENTE
Com a palavra o Ver. Gerson Almeida. (Ausente.) Com
a palavra, o Ver. Guilherme Barbosa.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, agora em Grande
Expediente eu volto a uma questão, e lembro do Ver. João Dib que às vezes tem
receio de se tornar repetitivo, numa questão que não sai das manchetes dos
jornais e que tem muito a ver com todos nós, embora às vezes o Ver. Nereu
D'Ávila ache que a gente não deve se referir tanto às questões do Governo do
Estado. Refiro-me à negociação salarial dos funcionários da CEEE e todo o
envolvimento que isso tem trazido.
O Sr. Nereu
D'Ávila: Vossa Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) V.
Ex.ª faz aparte. Não pode falar.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Muito bem, é uma avaliação. Acho que exatamente, pois eu
tenho que falar, por parte importante dos funcionários da empresa. Ao mesmo
tempo em que se abre a discussão sobre a questão salarial da CEEE, entrando no
tabuleiro um outro jogador, de forma intempestiva, sem pedir licença a ninguém,
mas ao que tudo indica, sendo recebido de braços abertos pelo Governo do Estado
e a Direção da CEEE, que é a FIERGS. Paralelamente a isso, nós temos a mudança
da polícia energética no País. E a FIERGS, que sempre teve, vejam bem, Srs.
Vereadores, este detalhe, mas importante detalhe: a FIERGS sempre teve um
representante seu no Conselho de Administração da empresa. Portanto,
acompanhou, em todos os anos, os acordos salariais da CEEE. As pretensas
mega-vantagens, que os servidores da empresa estariam tendo renovadas agora,
aparecem em acordos de outros anos. Nada de novo aparece agora. Na questão
salarial, propriamente dita, está-se apenas recuperando salário e não dando
aumento de salário. Portanto, esse representante da FIERGS que, agora, não concordou
com o acordo realizado - acordo este de conhecimento do Governador, do
Secretário e do Presidente Vieira da Cunha. Que coincidência é essa? Esse
representante sempre conheceu nossos acordos e nunca foi contra, veio a
discordar justamente agora. Eu tenho batido nesta tecla: a questão de fundo é a
mudança da política tarifária energética no Brasil, em que as empresas de cada
Estado irão definir os reajustes e o valor das tarifas. No Rio Grande do Sul,
os empresários, os industriais, os agricultores, têm uma tarifa muito mais
barata do que pagamos nós, os consumidores residenciais, chegando, em algumas
situações, Ver. Dilamar, a 50% mais barata. Os arrozeiros ainda vão adiante
chegando a 75% de isenção.
Ao longo do tempo, a população de nossa Cidade já
subsidiou cerca de um bilhão de dólares aos empresários do Rio Grande do Sul.
Dizem que somos uma empresa ineficiente, que presta serviço de baixa qualidade,
o que não é verdade. Se tomarmos o número de horas em que falta energia
elétrica em nosso Estado e compararmos o número de procedimentos da indústria
com defeitos, seriam defeitos no abastecimento da energia, veremos que a
qualidade do trabalho da nossa indústria no Brasil é, muitas vezes, inferior
àquele serviço que presta a CEEE. E, além disso, a nossa indústria produz um
produto caro e, muitas vezes, de baixa qualidade, pagando um salário baixíssimo
aos meus funcionários. A média de salário pago pelas nossas indústrias no Rio
Grande do Sul é de 300 dólares. E estes senhores, então, nos criticam - tirando
alguns números que não sabemos de onde - dizendo que têm um salário médio de 2
mil e 100 dólares. Ao ler no jornal esta matéria, irei requerer parte do meu
salário, já que não me pagaram. Sou Engenheiro da CEEE, tenho 12 anos de Casa e
meu salário está muito abaixo disso. Quais os cálculos feitos por estes
senhores? Em outra ocasião, nesta tribuna, diziam que o comprometimento da
folha da CEEE, era de 67%, enquanto eu afirmava que era de 42%. Pois a notícia,
da própria “Zero Hora” através do balanço, confirmou que o gasto com o pessoal
foi de 42,5% para não ser os 42% aqui colocados por mim.
Agora, novamente a FIERGS, lança mais número,
dizendo que somos ineficientes. Então por trás desse jogo da FIERGS, neste
momento, querendo embananar a negociação salarial dos eletricitários, há o
interesse de manter o subsídio à energia elétrica, uma energia altamente
subsidiada para este setor industrial que produz mal e paga mal seus
funcionários. Mas o que mais nos incomoda - porque do setor empresarial não
poderíamos esperar outra coisa - é o fato de o Governo do Estado, através do
governador Alceu Collares, ter recebido de braços abertos a intervenção da
FIERGS nos acordos salariais; como também o Presidente da Empresa e o
Secretário de Minas e Energia, propondo, agora, um redução gradativa no
comprometimento da arrecadação da empresa com a folha, só que não diz de que
forma iremos aumentar a arrecadação, não questiona a proposta da empresa, não
questiona esta energia altamente subsidiada aos empresários. É inaceitável esta
proposta do Governo do Estado e da direção da empresa, no meu ponto de vista,
porque não coloca o outro lado da moeda: de que maneira nós vamos aumentar a
arrecadação da empresa, se esta energia, altamente subsidiada, vai continuar
para os empresários. Nós não podemos aceitar esta proposta.
Eu sei que no dia de hoje outra proposta vai ser
aceita, porque a outra, foi de tal forma a reação, que nem sequer foi levada à
assembléia, a reação foi enorme. Todo o centro administrativo da CEEE, lá na
Ipiranga, ocupou o prédio da presidência, tal a forma como se sentiu agredido
com aquela proposta.
Então, eu quero chamar a atenção dos Srs.
Vereadores, não é possível aceitar este jogo da FIERGS, com a aceitação do
governo do Estado e da Presidência da CEEE, além do Sr. Secretário de Minas e
Energia.
Não podemos aceitar que um outro parceiro entre
neste jogo, um parceiro que não foi convidado, que sempre sabia dos outros
acordos e um acordo do qual o Sr. Governador, o Sr. Secretário, o Sr.
Presidente da empresa tinham conhecimento. E mais, há um detalhe que não se
diz, havia uma parte do acordo, que em dezembro, os funcionários iriam receber
70% do seu salário - e eu chamo a atenção para este fato – e em dezembro, eu
ainda estava lá na empresa, nós recebemos 70% do salário, 15% pagos em janeiro
e 15% pagos em fevereiro. Pois isto foi, da parte dos funcionários, da parte da
CEEE, feito. Quer dizer, os funcionários deram a sua contribuição. Quando
chegou a vez da empresa cumprir a sua parte no acordo, não foi feito. Esta é
uma prática que nós repudiamos. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Eu vou pedir a aquiescência de todos os oradores do Grande
Expediente, Ver. Jair Soares, Isaac Ainhorn, Henrique Fontana, Helena Bonumá,
para que possamos fazer a inversão da ordem inicial dos inscritos em Grande
Expediente, a fim que o Ver. Gerson Almeida possa fazer uso da palavra, de
acordo com o Regimento. Se ninguém tem nada a opor, com a palavra o Ver. Gerson
Almeida.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sr. Presidente, sem nenhum problema em relação ao Ver Gerson
Almeida, que eu gostaria de ouvir da tribuna, mas só para entender bem. Quando
ele foi chamado ele estava ausente.
O SR.
PRESIDENTE: Quando ele foi chamado ele estava ausente.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Esta prática não é comum.
O SR.
PRESIDENTE: Eu estou amparado no Regimento. O Regimento diz o seguinte:
“Fica facultado, com o consenso dos inscritos, a alteração da ordem para uso da
palavra durante o Grande Expediente”, e eu estou exatamente pedindo o consenso
dos outros oradores para que ele possa fazer uso da palavra, caso contrário,
seria impossível, porque o Regimento me proíbe.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sim, Sr. Presidente, só que o entendimento do Regimento é quando
presentes, agora, se o Vereador é chamado e está ausente, aí, não pode haver
inversão. Só estou questionando porque, se for assim, não há problema de que
outros Vereadores, quando chegarem atrasados, tenham a anuência dos demais
inscritos e falem. Eu até acho boa a providência, só estou alertando para o
fato de ser uma providência nova, aí, fará jurisprudência. Nada contra o
Vereador que está na tribuna, até gostaria de ouvi-lo.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, o que coloca o Ver. Nereu D'Ávila é importante,
mas é também importante que se diga - isso já foi esclarecido em uma Sessão
anterior - que não se trata de atraso do Vereador, mas que, eventualmente, o
Vereador não esteja no Plenário, o que já ocorreu. Ele pode ser chamado quando
chegar ao Plenário, se não estiver, fica por último e pode ser chamado
novamente. Mas não se trata de a pessoa não estar por atraso, e, sim, não estar
no momento.
O SR.
PRESIDENTE: Ver. Clóvis Ilgenfritz, nós estamos utilizando, para fazer essa
alteração, o quer manda o Regimento Interno da Casa, no art. 155.
Ver. Gerson Almeida, V. Ex.ª está com a palavra
para permanecer na tribuna.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Agradeço à Mesa e aos demais Vereadores e quero esclarecer que,
realmente, não estava naquele momento na sala, apesar de estar desde o primeiro
momento aqui, porque, a partir do pronunciamento da Ver. Maria do Rosário, fui
checar as informações que tinha para que não sustentasse, da tribuna, opiniões
que não correspondessem à verdade. O tema que quero discutir é a ocupação do
IPE, já alvo de debates e discussões nesta Casa e que foi trazido hoje,
novamente, pela Verª Maria do Rosário. A Vereadora chegou a dizer que na
reunião de hoje, a Prefeitura não levou nada de novo e sustentando sem nenhuma
crítica, sem nenhum óbice, a posição do IPE, que se nega, peremptoriamente, a
fazer qualquer tipo de permuta, dito na reunião da semana passada pelo Sr.
Ostálio, Presidente do IPE, na frente do Vereador Raul Carrion e da Verª Maria
do Rosário, que o IPE se nega a fazer permuta.
Pois bem, a Prefeitura de Porto Alegre apresentou
já, formalmente, ao Governo do Estado uma proposta concreta para tentar superar
a difícil situação em que se encontram aquelas famílias. E vou dizer os termos
da proposta que a Prefeitura apresentou: A Prefeitura se compromete a destinar
toda a sua parte no Fundo Estadual de Desenvolvimento, fundo de que 70% é
destinado à habitação, e destes 70%, 25% cabem à administração pública
municipal, e a Prefeitura se dispõe a abrir mão e dirigir todos esses recursos
para buscar a solução da questão das famílias do IPE, toda a parte que lhe cabe
no Fundo Estadual do Desenvolvimento. Assumindo, portanto, a responsabilidade
pela infra-estrutura e assessoria técnica para o projeto.
A Prefeitura propõe, também, como forma objetiva de
resolver o problema, que o Governo do Estado compre a área, destinado parte do
seu Fundo Estadual de Desenvolvimento, financiando em 5 anos, para a
Cooperativa dos ocupantes, e permita que o processo tenha curso.
O IPE nesta reunião já disse claramente que se nega
à permuta, e não abre mão de um cruzeiro de avaliação do terreno em tela, um
terreno que comprou há mais de 30 anos com finalidade dirigida à moradia e não
como reserva técnica. Assim, como aquela área na Intendente Alfredo Azevedo,
onde há dois blocos com 216 apartamentos em construção há 14 anos, e o IPE nada
fez para resolver, para terminar aquela obra e dar os 216 apartamentos
populares para a população. Pois bem, outra questão, o Prefeito Tarso Genro
escreveu um ofício cuja cópia que eu tenho aqui, dirigido ao Governador do Estado,
depois de dois dias tentando procurar o Governador, pedindo que fosse adiada
por mais 20 dias a desocupação do terreno do IPE. E a Verª Maria do Rosário,
aqui na tribuna, quer debitar como responsabilidade da administração pública,
se amanhã houver despejo. Mas não é a Administração Pública Municipal que
despeja, Verª Maria do Rosário, é o Governador do Estado, que é a única
autoridade capaz de executar ou impedir o despejo, já que ele tem despacho da
juíza há vários dias na sua mão. Pediu 120 dias por quê? Porque quer que do 1°
ao 30° dia, a cooperativa consiga registro legal e se constitua; do dia 1° ao
9° dia, devem ser usados para fazer o projeto urbanístico habitacional e os
demais dias para aprovação dos projetos dos órgãos públicos e a garantia dos
créditos necessários que são previstos num total de 100 bilhões de cruzeiros.
Pois bem, houve uma reunião hoje onde esperávamos que houvesse resposta a essa
proposta formal apresentada pela Prefeitura ao Estado. E simplesmente nenhum
órgão do Estado apareceu nessa reunião, apenas o DEMHAB, UAMPA, Movimento dos
Sem-Terra, a Comissão dos Ocupantes, um representante do gabinete da Verª Maria
do Rosário, um representante do gabinete da Deputada Estadual Jussara Cony,
estiveram presentes naquela reunião. Nenhum órgão do Estado. Ou seja, à
proposta concreta, objetiva e formal que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre
fez no sentido de resolver concreta e objetivamente, e não demagogicamente, a
questão não houve nenhuma resposta do Governo do Estado. E aí eu quero concluir
que na sexta-feira passada, num discurso inflamado, a minha companheira, Verª
Maria do Rosário atacava o Ver. Jocelin Azambuja de ser surfista dos
movimentos, quando atacava a Secretaria Estadual da Saúde. Pois eu quero lhe
dizer, Vereador, que a rigor, apesar de não ser da sua prática, parece-me que
está muito próximo da postura que o seu Partido tem tido com relação à ocupação
do IPE, tentando, de todas as formas, lá dentro, com os ocupantes, querer
centrar as culpas apenas na Administração Pública do Município pela resolução
de todos os problemas. Ela está muito próxima de um surfismo, num movimento em
cima de uma miséria e de uma questão que, sabemos muito bem, é gravíssima, até
porque o seu Partido, em Belo Horizonte, a Administração Petista, é o
responsável pelo setor de habitação na Cidade de Belo Horizonte. Principais
Diretorias são ocupadas por companheiros que sabem muito bem das dificuldades,
dos limites, e dos problemas da moradia em qualquer cidade grande. Portanto, eu
não gostaria de deixar passar em branco, Companheira Maria do Rosário, a sua
postura e o seu discurso, hoje, simplesmente omite, passa por cima de toda e
qualquer responsabilidade do Estado nesta questão e tenta responsabilizar a
Administração pelo que, talvez, possa acontecer amanhã. Por quê? Por que o
Governador da Frente que o seu Partido faz parte, governa em nome da Frente
Progressista Gaúcha, o seu Governador, ate hoje, sequer respondeu o ofício e as
propostas concretas à Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
A Srª Maria
do Rosário: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador
sobre parte da sua intervenção, porque é sobre parte dela que a gente pode
trabalhar mais politicamente, acho que inexiste uma política habitacional no
nosso Município e nós vamos ter que enfrentar isso mais cedo ou mais tarde. A
verdade é que o movimento de ocupação do IPE, e eu disse isto ao Ver. Guilherme
Barbosa, na sua ausência recebeu, na segunda-feira passada, uma proposta
concreta da Administração popular. Essa proposta concreta ficou de ser apurada
melhor pelo DEMHAB e pela COHAB. Lamentavelmente os dois órgãos não levaram uma
nova proposta ao IPE; lamentavelmente esta área é uma área de reserva técnica
dos aposentados e dos pensionistas do IPE. Ver. Guilherme Barbosa, nós
precisamos ter uma solução, o IPE nos colocou contrário à permuta. E eu lhe
faço uma pergunta: Por quê? Agora, às 15h 30min o Prefeito vai estar recebendo
a população e, certamente, nos receberá, junto, para responder esta questão:
por que, no momento anterior, a Prefeitura se interessava pela permuta e hoje
não? Vamos fazer uma permuta com as verbas da Administração e do Governo do
Estado. Vamos cobrar do Governador também. Eu me coloco à disposição, faço
questão que fique clara a minha posição aqui, que é o no sentido de cobrar da
Administração a permuta, e também do Governo do Estado.
Eu queria que ficasse clara a minha intervenção, se
não ficou anteriormente, eu lhe digo agora com todas as letras.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Eu agradeço e acho muito positiva esta postura.
O Sr. Nereu
D'Ávila: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou ser breve
para colaborar com a V. Ex.ª, só que V. Ex.ª incorreu no mesmo erro da
Vereadora, V. Ex.ª disse que ela quer atribuir ao Poder Público, e a V. Ex.ª
disse que quem vai despejar é o Governador, que despeja é o Poder Judiciário.
Outra coisa, para concluir, a questão dessas
invasões, a solução tem que vir com a Reforma Agrária da União, como a questão
habitacional também tem que ser política, direcionada. Essas questões de
invasões são residuais, de modo que V. Ex.ª critica a Vereadora e está
incorrendo no mesmo erro: A questão do despejo é do poder Judiciário. É claro
que as partes interessadas recorrem ao Judiciário, porque têm dono, até.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Eu concordo com V. Exª, e se dei a entender que deveríamos tirar a
responsabilidade da Prefeitura para o Governo do Estado, me fiz entender mal. O
que eu quero defender desta Tribuna é que nós devamos envidar esforços
positivos e afirmativos para resolver esta questão, que é uma questão bem
cultural. Nós sabemos que não vamos poder resolver o conjunto da questão
habitacional no Município ou no Estado. E, por termos clareza disso, é que nós
não podemos, quando se tem uma situação concreta, querer, porque não está no
Governo Municipal, e não está no Governo Estadual, debitar para um e não para
outro toda a responsabilidade. Nós devemos, sim, continuar entendendo
perfeitamente quais as mudanças necessárias para que se resolva a questão
habitacional, e, sem dúvida nenhuma, se responsabilizar na sua parte. E a
Prefeitura, me parece, está tendo uma proposta aqui nesta Tribuna, tendo uma
postura muito objetiva e positiva em tentar resolver esta questão. E acho que o
Governo do Estado, e todos mais, devem tê-la também, e não querer surfar nos
movimentos, que não é bom para o Jocelin Azambuja, não fica bem para ti nem
para mim, nem para ninguém de nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): Liderança com o PTB, Vereador Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós tínhamos ficado
aqui de nos manifestar sobre a triste e infeliz manifestação tanto do Vereador
Dilamar Machado como da Verª Maria do Rosário, que, lamentavelmente o Ver. Dilamar
Machado, não estando com os ouvidos muito bem, interpretou mal as nossas
palavras, e já nos ameaçou, pois parece que é prática hoje do Governo do Estado
e da sua Secretária de Educação, nos ameaçou com processo Judicial. Mas o
Vereador entendeu mal, jamais eu teria dito, e lá estão as notas taquigráficas
que esclarecem, que a matéria da revista seria paga. Jamais afirmei isto e não
afirmaria tal imprudência, até porque o Ver. Dilamar Machado, como eu, é
profissional da área do Direito, e sabe muito bem que nós temos inteligência
suficiente para nos preservarmos sempre. Agora, afirmamos, evidentemente, que o
Governo do Estado tem feito matérias pagas diariamente nos jornais, e isto é
verdade. Todos os dias está colocando bilhões e bilhões de cruzeiros do dinheiro
público fora com matérias pagas. E isso, Ver. Dilamar Machado está estampado
nos jornais todos os dias, e é por isso que tem saído, ali espelhadas,
inverdades.
A Verª Maria do Rosário talvez não afeita ainda às
lides políticas e na emoção do seu primeiro cargo, usou expressões inadequadas
e até deselegantes a um Vereador e repetidas pelo Ver. Gerson Almeida. A
Vereadora, lamentavelmente, tem que começar a adequar o seu linguajar a esta
Casa, às relações entre os Vereadores e não às suas práticas de movimentos nas
avenidas e nas ruas; nos discursos a frente dos Tribunais das Assembléias. Tem
que adequar o seu vocabulário ao respeito que devemos ter uns com os outros,
porque quando não tem respeito, as coisas ficam difíceis num relacionamento.
O que a senhora jamais poderá omitir, Vereadora, é
que pertence ao Governo que impõe o calendário rotativo aos pais, aos
professores e aos estudantes. O seu partido, o PC do B, tem prejudicado os
professores; o seu partido tem prejudicado os pais e os alunos. Essa é uma
realidade que não dá para fugir. Não podemos, ao mesmo tempo, servir a dois
senhores; ou se é situação ou oposição. E no Governo do Estado do Rio Grande do
Sul o PC do B é situação e apóia o Governo do Estado.
Há poucos dias ainda ouvia manifestações dos
dirigentes do PC do B, lutando pelos cargos que tem no Governo do Estado,
discutindo com o Governador Collares, que queriam os seus cargos de confiança.
Estão corretos, estão no governo e precisam dos cargos lá. Agora, não adianta
vir fazer dois discursos aqui: defender aqui a comunidade e lá ser a favor do
calendário rotativo. Não adianta querer ter uma postura em nível de Município e
outra em nível de Estado. Tem que ter um postura coerente e é isso que cobramos
da Vereadora: discurse atacando e até ajudando com o seu partido a arrebentar
com o calendário rotativo, porque ele é nefasto. E se a senhora acha que o
calendário rotativo não é bom, faça com que o seu partido pense assim, faça com
que o seu partido assuma essa postura.
Mas não adianta vir aqui no plenário e se colocar
publicamente em dois lados, ou é um lado ou é outro. Claro que foram feitas
acusações ao PTB em nível nacional; nós nem lembramos do PC do B junto com o
Governo Sarney e em outras áreas, não nos importa isso. Nos importa, aqui no
Rio Grande do Sul, é sabermos a postura do PC do B. O PC do B é governo do
Estado do Rio Grande do Sul: o PC do B hoje apóia o Governador do Estado Alceu
Collares, dá respaldo para a Secretária de Educação Neuza Canabarro, e isso é
verdadeiro. E eu jamais faria uma acusação infundada, uma acusação
desnecessária. As acusações que nós temos feito são em cima da realidade. E,
desta realidade, nós não podemos fugir. A sociedade rio-grandense está sofrendo
com este calendário? É profundamente verdadeiro e não há como alterar. Não há
intenção disso. Agora, os partidos têm que assumir. O PDT assume a defesa. O
Ver. Dilamar Machado fez muito bem. Vem aqui à tribuna defender o seu partido.
Está correto. E a Verª Maria do Rosário tem que fazer o mesmo. Tem que vir aqui
defender o Governo do Estado. Da mesma forma, se o PSDB, tivesse assento nesta
Casa, deveria fazer a mesma coisa. E nós vamos assumir as nossas posições. E
queremos que todos, evidentemente, assumam as suas. Para finalizar, Ver.
Dilamar Machado, nós estamos cobrando do Governo Municipal o cumprimento da lei
que a V. Ex.ª apresentou nesta Casa e que foi aprovada em 1992 que obriga, na
frente de todas as escolas, ter faixas de segurança. Estamos cobrando do
Governo Municipal que coloque em prática esta lei. Porque senão nós vamos fazer
outra lei que vai ficar no ar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Continuando no Grande Expediente, tem a palavra a Verª Helena
Bonumá.
A SRA.
HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Companheira Vereadora. Nós
trazemos dois temas que queremos comentar neste espaço do Grande Expediente. O
primeiro deles não é o assunto corriqueiro, cotidiano, na nossa pauta política.
Não faz parte do que normalmente são as nossas preocupações no espaço público,
no espaço político. É que nós temos já firmado entre nós o que é que é fazer
política, o que é que é o padrão aceito com a política institucional. Nós, via
de regra, trabalhamos questões que num país com as características do Brasil
são cruciais. Nós trabalhamos a questão da educação, do transporte, da terra,
das políticas públicas, das administrações. Trabalhamos, enfim, com aqueles
assuntos que são básicos, que são necessidades básicas da população. Mas tem o
outro lado, que é o lado mais difícil de ser considerado pela política. Eu
estou trazendo esta discussão aqui, agora, porque infelizmente já passou o mês
de março que é o mês onde normalmente os movimentos sociais fazem uma reflexão
sobre este tema. É o tema da discriminação e do preconceito. Estava inscrita
para o Grande Expediente desde a metade do mês de março, mais ou menos como o
Ver. Clóvis Ilgenfritz comentou aqui. Portanto, o tema pode parecer um pouco
fora de conjuntura, porque dia 21 de março, é o dia de luta contra as
discriminações, mas eu insisti em tratar mesmo assim, porque ele não é um tema
conjuntural, ele é um tema permanente na nossa sociedade, e acho que ele merece
espaço na tribuna e nas Câmaras de Vereadores também. Se formos somar quantas
são as mulheres no Brasil, quantos são os negros, quantos são os homossexuais,
quantos são os índios, quantos são as crianças, quantos são os idosos, e
quantos são os portadores de deficiência, seguramente nós teremos a maioria da
população brasileira. Em que pese tenham condições específicas de
discriminação, fazem parte de um conjunto que em si, como um todo, é
discriminado por um padrão, visto como universal, visto como um padrão que é
aceito em nossa sociedade, que é branco, elitizante, masculino e em condições
de idade e físicas possíveis e de acordo com a necessidade de rentabilidade e
de produtividade do sistema como o nosso. Nós entendemos que estas questões
relativas à discriminação devem ser o objetivo da nossa preocupação, como devem
ser o objetivo de políticas públicas, e por uma questão de métodos, nós devemos
ir mais adiante na condição de pessoas públicas, e tentar desvelar, tentar dar
visibilidade para o que consiste, na realidade, esta questão da discriminação.
Não podemos tratá-la, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como questões que são
pontuais, episódicas ou que são manifestações de excesso em um ou outro momento
da nossa sociedade. Nós temos que saber compreendê-las como um elemento
constitutivo e estrutural da sociedade, que determina as possibilidades do
cotidiano e as condições de vida da grande maioria da nossa população. É com
esta ótica que trazemos aqui algumas questões. Uma, por exemplo, que me chamou
a atenção, e que eu acho que a Câmara deveria se manifestar, é que, por ocasião
desse dia da discriminação, eu li uma manchete na Folha de São Paulo, um tempo
antes, que dizia assim: “Vereador é afastado por assumir bissexualidade”. É um
tema muito polêmico entre nós e há muito preconceito com relação a isto, e eu
pensei, inclusive, fazer uma manifestação de solidariedade. Aonde? Em Alagoas,
numa Câmara no interior de Alagoas, a 36 Km de Maceió, um Vereador do PTR. Bem,
dias depois, quando eu procurava a matéria para manifestar a solidariedade,
fiquei sabendo que a polícia havia achado a cabeça do Vereador e que ele havia
sido seqüestrado. Nós entramos em contato com Maceió, com a Câmara de
Vereadores, ele tinha sido suspenso por um mês, por assumir, nos meios de
comunicação, que era bissexual, e nós entramos em contato, com essa cidade,
então, e ficamos sabendo que, de fato, ele fora massacrado. E há um processo de
inquérito onde há, inclusive, políticos e autoridades locais comprometidas com
a questão.
Agora, dia 19 de março, Vereador é preso e
maltratado pela Brigada do Rio Grande do Sul, em Gravataí, por ser negro. A
única coisa que havia contra ele é que era negro.
Eu acho que são manifestações que estão chegando
mais perto de nós, mas são manifestações que o povo brasileiro vive no seu
cotidiano, e por isso que vale o registro aqui, porque nós temos que nos
preocupar com essas questões. Aí, eu quero fazer uma referência a alguma coisa
que eu estou encaminhando, a partir da manifestação do Ver. Pedro Ruas, aqui
desta Tribuna, em relação à importância da nossa colaboração na doação de
sangue aos bancos de sangue municipais, e o Vereador, naquela ocasião, nos
incentivando a fazer o mesmo. Distribuiu material de divulgação, material da
Secretária Municipal de Saúde, onde, entre os critérios que impossibilitam a
doação de sangue como, mal de chagas, hepatite, asma brônquica e diabetes, está
o homossexualismo e bissexualismo.
Imediatamente entramos em contato com o GAPA, com o
NUANCE, que é o Grupo Homossexual Gaúcho e com a própria Secretaria da Saúde,
para discutir esse critério. Se homossexualismo é critério ou não é critério
para a doação de sangue. Porque nós sabemos que os bancos de sangue são
obrigados a efetuar o exame de sangue de qualquer pessoa, independente de sua
orientação sexual. Portanto, na minha interpretação, aqui residiu um
preconceito, que o Poder Público não poderia estar levando adiante dessa forma.
O Secretário teve
muita sensibilidade com a questão colocada por mim e por entidades que foram lá
e nós formamos, então, a partir dali, um grupo que está estudando a legislação
existente em relação a isso. Existe uma legislação federal, existe uma portaria
do Ministério da Saúde e estamos entrando em contato com os bancos de sangue
para que se analise essa questão.
Por fim, queria colocar, ressaltar, que no dia 21
de março foi criado em Porto Alegre o Fórum pela Cidadania, com objetivo de
criar o Conselho Municipal da Cidadania, que seria um Conselho Municipal
responsável por trabalhar essas questões de discriminação e da Cidadania do
Município de Porto Alegre. Um conselho formado a partir de órgão da Administração
Popular, da Administração Municipal, e entidades afins da sociedade civil.
A segunda questão que eu queria registrar nesse
espaço que ainda me resta é relacionada à questão do movimento sem-terra e da
luta atual dos colonos pelo reassentamento dessas mil e quatrocentas famílias
que estão acampadas, esperando um retorno do INCRA e do Governo Federal.
Hoje, pela manhã, houve uma audiência do Movimento
Sem Terra Nacional, com o Ministro, onde houve uma primeira abertura, no
sentido de se tratar o caso.
Agora, à tarde, tem uma audiência do Ministro com a
INCRA e com o Movimento Sem Terra. O objetivo do Movimento é conseguir o
reassentamento dessas famílias, aqui no Estado. Houve a intermediação do
Prefeito Tarso Genro e do Governador Alceu Collares, no sentido de pressionar o
Governo Federal.
O Movimento Sem Terra, agora, à tarde, esta fazendo
jejum. São mais de duzentas pessoas, marcando esse momento da audiência, e
pedindo que parlamentares, movimentos e organizações se manifestem, antes das
17h, junto ao Governo Federal, apoiando e reforçando, para que hoje, às 17h, se
tenha, por fim, a solução para esse caso do assentamento, aqui no Rio Grande do
Sul. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Henrique Fontana.
O SR.
HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais pessoas que
acompanham a nossa Sessão.
O que me traz à Tribuna é analisar aquilo que tem
sido o mais freqüente da minha atuação parlamentar, nesses primeiros três
meses, que lidar com as questões da saúde, dentro de Porto Alegre.
Tenho sido visitado, e tem sido solicitada a
presença do nosso mandato, em diversas regiões da Cidade, para acompanhar a
realidade de muitos serviços de saúde, dentro dessa Cidade, e de muitos postos
de saúde.
Quando vemos e passamos por um período, com o que
passamos na última semana, em que encontramos manchetes dizendo que Collares
vence a batalha na Assembléia, eu me pergunto, Ver. Jair Soares: que vitória é
essa do Governador Collares, cujo bojo é a retirada de mais recursos de uma
área de saúde, já sucateada?
Passo alguns dados a determinados Vereadores que
não são da área. Nos três anos do Governo Collares, o investimento do Governo
do Estado, em saúde, foi sempre inferior a 3%. A proposta política do orçamento
para este ano foi de 2,7% quando a Lei de Diretrizes Orçamentárias, aprovada
pela Assembléia Legislativa do Estado, determina 6,5% e as decisões da oitava e
nona Conferência de Saúde solicitam 10% de investimento em saúde por parte do
Governo do Estado. Só para se ter uma idéia do que isso representa na realidade
dos Postos de Saúde de Porto Alegre e aí me reporto ao nobre Ver. Nereu
D'Ávila, Líder do PDT, de que infelizmente não se pode analisar a saúde de
Porto Alegre sem ser um pouco um mini-deputado, porque ainda, infelizmente, o
Governo do Estado não tratou da municipalização da saúde em Porto Alegre e as
dificuldades se avolumam e aumentam na medida em que a cada dia que passa a
rede básica e toda rede pública do Estado se sucateia mais e mais e mais difícil
fica para o município assumir essa rede. Só para se ter uma idéia, em 1991,
porque os dados de 1992 não estão prontos, a Prefeitura Municipal gastou trinta
e quatro milhões de dólares em saúde para atender doze Postos de Saúde e ao
HPS. O governo do Estado gastou setenta e sete milhões de dólares para atender
oitocentos e noventa e cinco Postos de Saúde. O município gastou trinta e
quatro milhões para atender doze unidades de saúde. Vamos aos recursos humanos
da área de saúde. Como é que o governo Collares vem tratando essa questão? Um
médico, como salário inicial recebe no governo do Estado dez milhões e
setecentos mil cruzeiros, aproximadamente, para uma jornada de quarenta horas.
No município, ainda achamos que esse salário deve melhorar, recebe dezesseis
milhões para uma jornada de trinta horas. Mais dados sobre os recursos humanos.
Só para se ter uma idéia, o PAM 3 da Vila dos Comerciários chegou a ter
trezentos e onze médicos e mais de seiscentos funcionários. Hoje têm oitenta
médicos e menos de duzentos funcionários. São noticias de jornal que nós
retiramos. Então, quando as filas surgem, meus senhores, as filas são o reflexo
de um governo que trata a saúde de uma forma criminosa; o governo do Estado não
tem tido responsabilidade com a questão da saúde. Refiro-me a Porto Alegre
porque são os lugares que temos visitado, visto, e é o lugar onde somos
Vereadores. Poderíamos falar de outras cidades. Vamos adiante, e podemos ver a
questão dos medicamentos. O Governo insiste, de forma criminosa, em colocar na
sua propaganda paga que a saúde não enfrenta problemas. Ora, contra a realidade
não há argumentos. Quem vive a realidade dos Postos de Saúde sabe que não se
pode dizer que existe medicamento e que o Governo do Estado esteja investindo
em medicamentos, se a cada 10 postos que visitamos, 9 não têm medicamentos.
Contra fatos não há argumentos e nem propaganda. Não aceitaremos que se diga um
milhão de vezes uma mentira, e que essa mentira, de repente, possa se
transformar em realidade. Vou dar um dado sobre a questão dos medicamentos. A
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em 1992, arcou com 96% da demanda de
medicamentos de seus Postos de Saúde. Isso porque o Governo Federal foi omisso.
E eu concordo. O Secretário Júlio Hocsmann me disse num debate no rádio outro
dia que o Governo Federal não está fazendo a sua parte. Aí somos aliados para
cobrar do Governo Federal. Mas não vamos usar como álibi a ineficiência e a
inoperância do Governo Federal para justificar a nossa inoperância em nível
estadual. Repito: a Prefeitura arcou com 96% e o Governo do Estado arcou com
apenas 21%. É preciso investir mais. A tudo isso se soma o discurso que
proporcionou esta chamada vitória, que na verdade eu chamo da maior derrota do
Governo Collares. A prática vai mostrar o resultado do serviço de saúde. E como
foi a argumentação para que se derrubassem e se mantivessem os vetos a
investimentos na área de saúde? Não, nós vamos retirar o dinheiro de outros
lugares; mais uma promessa: vamos tirar um dinheiro da raspadinha, outro daqui,
outro de lá. Ora, se este dinheiro pode vir para a saúde de outros lugares, por
que é que não vem para o DAER de outros lugares? E para a saúde não é garantido
de imediato e de pronto? Não, a saúde sempre pelo contrabando, sempre
tergiversando, sempre o discurso da prioridade na hora da campanha e na hora do
governo nada de recursos para a saúde. Não podemos aceitar tudo isso calados. E
por último, mais uma crítica muito profunda a um projeto, que é o projeto das
chamadas unidades móveis de saúde. Essa é a política do chamado efeito
demonstração, meus senhores; é a política de quem não tem política e escolhe
uma artimanha de última hora para aparecer como fazendo alguma coisa em termos
de política de saúde. Ora, se temos centenas de postos sucateados, sem médicos,
sem enfermeiros, sem atendentes, sem profissionais, como é de vamos desviar
bilhões de cruzeiros para montar, esses chamados ônibus - postos de saúde -,
não vamos nem descer ao mérito da análise de saúde-pública, que é o mérito do
Projeto. Vamos ficar simplesmente no mérito da oportunidade em que este Projeto
é colocado. Não podemos continuar assistindo o sucateamento da rede estadual de
saúde, sob responsabilidade do governo Collares. E nós, aqui, denunciaremos
inúmeras vezes, mesmo que para isso tenhamos que ser mini-deputados.
O Sr.
Fernando Záchia: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Cumprimento o nobre Vereador, e acho extremamente oportuno seu pronunciamento,
e a respeito do que se diz: mini-deputados, nós que temos o compromisso com a
nossa Cidade e com as pessoas que aqui habitam, sabemos que o problema da saúde
não se restringe ao Município ou ao Estado, é muito difícil separar, enfim a
população tem que ter acesso e atendimento às unidades de saúde. Acho que é problema
de priorização. O Governo do Estado errou, quando não priorizou a saúde e a
saúde está matando. A raspadinha não irá resolver o aspecto da saúde, até
porque, nós que temos um conhecimento mais próximo, no Estádio do
Internacional, sabemos o que representa o percentual de lucro numa raspadinha,
não irá resolver o problema da saúde, e se resolver que priorize, que a verba
seja repassada para outras coisas, que particularmente sabemos que não são
prioritárias. Mais uma vez cumprimento o nobre Vereador, são extremamente
importantes essas denúncias.
O SR.
HENRIQUE FONTANA: Eu agradeço o aparte do Vereador Fernando Záchia.
O Sr. Eliseu
Santos: Eu quero ilustrar a colocação de V. Ex.ª porque, na última quinta-feira
passada, a Comissão de Saúde representada por este que vos fala, e pelo nosso
companheiro Guilherme Barbosa, esteve visitando o Posto do INAMPS, que está sob
a administração da Secretária da Saúde, do Santa Marta, esquina da Av. Mauá com
a Rua Inácio Montanha, em busca de algumas informações. Pasmem prezados
colegas, às três horas da tarde, o Posto estava às moscas. Nós procuramos a
chefia e não encontramos chefia, andamos do sexto andar até o térreo e
constatamos, estava abandonado. Não havia nem funcionários nem doentes. Eu não
admito compra de unidades móveis, quando Postos de Saúde estão abandonados.
O SR.
HENRIQUE FONTANA: Eu agradeço o aparte do Vereador Eliseu Santos e encerro
o meu pronunciamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Anunciamos, com prazer, a presença, nas galerias, do Ver. Nestor Malta Soares, de Viamão. Anunciamos, também, os funcionários das Câmaras Municipais: Sr. Eleci, da Câmara de Frederico Westephalen, Sr. Alvair, da Câmara de Palmares do Sul, que, através de Associação dos Funcionários da Câmara Municipais, nos assistem.
Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaríamos, neste Grande Expediente, de registrar dois episódio que julgamos, extremamente, importantes.
Um deles consiste no Comício Presidencialista, levado a efeito no último domingo, na baluarte do trabalhismo rio-grandense que é a Cidade de Esteio. Foi lá, nessa Cidade, onde realizamos o primeiro encontro pró-reorganização do trabalhismo brasileiro, quando, ainda, Leonel Brizola encontrava-se no exílio, preparando o célebre Encontro de Lisboa que reuniu trabalhistas brasileiros com trabalhistas que se encontravam no exílio, num dos maiores encontros de brasileiros na busca de reorganização de um partido político, no exterior, que só não se concretizou, à época, pela articulação do Sr. Golberi do Couto e Silva e da Sra. Ivete Vargas que, na oportunidade, através de uma articulação de natureza conspiratória, subtraíram a sigla PTB de Leonel Brizola. Mas, hoje, os caminhos já vão ao encontro dos verdadeiros trabalhistas, ao encontro dos trabalhismos em nosso país.
Nesse sentido, registramos da tribuna desta Casa um outro importante fato político acontecido, que foi o encontro do Governo Leonel Brizola com o dirigente maior do PTB no Rio Grande do Sul, que é o jornalista Sérgio Zambiasi.
Mas, nesta oportunidade o nosso registro maior é
sobre o “A Pedido”, mandado publicar pela Comissão Executiva Nacional do PDT,
no dia de hoje, no Jornal Zero Hora, cujo título é “A História de uma Traição”.
E vejam V. Ex.as alguns pontos importantes desses registros: “Como
candidato, em 89, Collor falava em modernização da economia. Jamais, porém, em
vender tais ou quais empresas públicas. Ao contrário, no caso da CSN, o então
candidato afirmou à população e aos trabalhadores de Volta Redonda que a
Siderúrgica era intocável e, ainda, que iria fortalecê-la. Compromisso de
Collor e, por suposto, de seu vice, Itamar Franco. Collor eleito, desde o
primeiro momento, passou a legislar sobre a economia, através de medidas
provisórias: Plano Collor, confisco da Poupança e as normas legais da chamada
privatização. Numa prática parlamentarista, todos os planos econômicos do então
Presidente tiveram o apoio da grande maioria do atual Congresso. Os mesmos
grupos, vejam V. Ex.as, registrado no item 4 que é a “História de
uma Tradição”, os mesmos grupos tecno-burocráticas que participaram desses
processos, inclusive das avaliações durante o governo Collor, continuam no
mesmos lugares, mandado e desmandando, fixando regras e condições para a venda
do patrimônio do nosso povo tão danosas e tão aviltadas que nenhum deles jamais
as utilizaria, certamente, para vender um carro ou apartamento que fossem de
sua propriedade. Sim, o Governo Collor vendeu a Usiminas e, assim, o Governo
Itamar faz, em escala muito maior e com conseqüências muito mais graves,
entregando o símbolo de nosso desenvolvimento e soberania econômica, que é a
Companhia Siderúrgica Nacional. Collor havia marcado, vejam V. Ex.as,
para 22 de dezembro o leilão da CSN. Seu governo caiu pelas razões que sabemos.
Sobe Itamar e, praticamente mantém todo o processo de privatização do governo
anterior. A pedido de empresários, cancelou aquele leilão, quando os
trabalhadores e os fundos de pensão estavam prontos a disputar o controle
acionário da CSN. Logo a seguir, é o registro do item 8º, o Presidente proibiu
os fundos de pensão de participarem do leilão, por decreto. O efeito imediato
foi a queda, ainda maior, do valor das chamadas moedas podres, beneficiando os
empresários, que puderam comprá-las em condições mais do que favorecidas e
utilizá-las por valores três vezes superiores para comprar a CSN. Tornou-se
evidente que, dentro do Governo Itamar, um grupo patrocinava a entrega da
Siderúrgica aos grupos privados, em condições vis. O Governo do Estado do Rio
de Janeiro, então, articulou uma proposta, uma solução moderna e democrática,
objetivando a passagem do controle acionário para os técnicos e trabalhadores
da usina, ao lado dos fundos de pensão, criando as condições para uma gestão
profissional e eficaz da empresa, como fez a Alemanha com a Volkswagen. Diante
de nossa insistência e temeroso de acusações de que pudesse estar favorecendo a
grupos privados, o Governo Itamar Franco concordou em permitir o retorno dos
fundos de pensão ao processo, mas atrasou por dias e dias essa decisão, e só
formalizou 24h antes de terminar o prazo para inscrição de interessados no
Leilão. Também só aí fixou em 3,8% a parte a ser paga em dinheiro na compra da
CSN. Frente à impossibilidade dos fundos de pensão em se prepararem para o
leilão da CSN em apenas um dia o Governador Brizola solicitou o adiamento de
sua realização por 30 dias, com regras fixas e inalteráveis. Era o mínimo que
um governo digno deveria fazer, porque, além das denúncias de fraude na
avaliação, havia o fato concreto de ter sido ferido mortalmente o princípio
básico de uma licitação: igualdade de oportunidade a todos os concorrentes.
O Sr. Itamar Franco, ao permitir que se consumasse,
nestas condições, a venda da CSN, vestiu por inteiro a camisa do entreguismo.
Nossas postulações, feitas de boa fé, acreditando que estávamos lidando com
autoridades preocupadas com o bem público, acabaram por relevar que, de fato,
temos um governo fraco, servil aos grupos econômicos e aos interesses
internacionais.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estas são as partes que julgamos mais importantes de oferecer e trazer ao registro dos anais desta Casa o artigo publicado hoje, do Governador do Rio de Janeiro, “A História de uma Traição”, que revela antes de tudo por parte do Governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola a história de uma incoerência, e àqueles que, muitas vezes, acusam o Governador Leonel Brizola de ter mudado de posição, de ter sido incoerente, nós provamos, através deste pronunciamento, que Leonel Brizola sua história é a mesma nos seus quase 50 anos de vida pública, iniciados nos idos da redemocratização em 1946.
Eu gostaria, Sr. Presidente, ao Ver. Gerson Almeida
oferecer aparte.
O SR.
PRESIDENTE: Não, o tempo de V. Ex.ª está esgotado.
O SR. ISAAC
AINHORN: Eu me rendo ao disposto no Regimento, e vou apelar que V. Ex.ª
seja com os demais colegas desta Casa, use com eles o mesmo rigor que V. Ex.ª
usou com relação a este Vereador, quando se tratou, ou melhor, quando se trata,
dos assuntos mais sérios e relevantes que vive a nacionalidade neste momento.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Vereador Jair Soares.
O SR. JAIR
SOARES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho à tribuna, hoje, para fazer
uma análise que certamente não vai se esgotar com este pronunciamento. O título
da matéria, já anunciei noutra oportunidade, repito agora para chamar a atenção
dos Srs. Vereadores, é a crise da saúde no País.
A história da saúde pública no Brasil começou de
forma totalmente errada. Em 1923, quando Elói Chaves criou o sistema de
seguridade nacional, a Previdência Social, no Brasil, ao lado dos programas, da
concessão de benefícios, foi introduzida a assistência médica, na época Pronto
Socorro de atendimento, a incipiente medicina brasileira nos idos de 1923. Isso
começou sob forma de caixas e pensões, posteriormente na década de 30
criaram-se ao vários institutos: o IAPB, o IAPTEC, o IAPFESC, o IAPC, o IAPM e,
outros que vieram com normas e legislação fixas, dizendo ser necessário que
aqueles recursos, que passaram a entrar para o sistema de seguridade social
brasileiro, foram constituindo-se num capital de reserva para responder no
futuro pela concessão de benefícios e pelos infortúnios como acidente do
trabalho e, na maior parte, para a concessão das aposentadorias.
Posteriormente, fundem-se todos estes Institutos num único só: INPS, para mais
tarde se criar o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social. Esse
Sistema procurou colocar a Área da Saúde dentro do INAMPS, a Área Financeira, a
Arrecadação e Fiscalização, dentro do IAPAS e Área de Concessão de Benefícios
dentro do INPS e ao lado e dentro desse sistema, na parte social nós tínhamos a
FUNABEM e a LBA e ainda como Órgão de Captação de Dados, a DATAPREV. Além
disto, dentro do Sistema Nacional tínhamos a CEME. Eu peço a atenção dos
Vereadores para este fato histórico que eu estou resumindo e que vem num
somatório de modificações de siglas com gastos terríveis para o erário sem as conseqüências
no atendimento, tanto da concessão de benefícios como também na área de
assistência médica. Erradamente a Saúde começou a captar recursos dentro da
Previdência. Não bastava que os Governos, todos, sem exceção, isto é uma
análise histórica, não é uma critica, é um dado importante que deve ser
examinado à luz da própria história da Previdência Social Brasileira. Todos os
Governos, sem exceção, desviaram os recursos da Presidência Social. Desviaram
para obras e desviaram da sua verdadeira finalidade, porque a Previdência
Social não era para fazer saúde, era apenas para fazer seguridade social, mas o
Governo, que nunca teve a vontade política de fazer saúde, aproveitou-se,
porque, de 1923, se somarmos aqueles recursos que iriam ser retirados em maior
quantidade, seria a aposentadoria, então se somarmos os trinta e cinco anos de
serviço e contribuição, quando a pessoa tem o direito de se aposentar, com
1923, nós teríamos o ano de 1958. Seria preciso que a Previdência Social
tivesse aplicado esses recursos, capitalizado esse dinheiro e o Governo, de
outra sorte, através do Orçamento da União, buscasse, alocasse recursos para a
Saúde.
Sempre se procurou, desviando a atenção da
comunidade e, principalmente das áreas que tratam do assunto da saúde do Brasil,
mudar as siglas. E agora, o que será feita? O INAMPS será extinto. Esse gigante
que é o INAMPS, que tem mais de 120 mil funcionários ativos, 610 postos de
assistência médica, 8.333 consultórios médicos, 3.823 hospitais contratados,
195.074 leitos, além de 50.000 credenciamentos de médicos, odontólogos,
laboratórios de análise, bioquímicos, etc., será extinto. Pois a solução que
aporta para resolverem-se os problemas de saúde é a extinção do INAMPS e a
conservação de todo esse gigantismo organizacional de setor público que chega a
ser, devido à sua própria dimensão, inadministrável e a criação de uma
Secretaria Nacional de Assistência Médica dentro do Ministério da Saúde. Mas,
pasmem os Senhores, a Constituinte, em 1988, teve a oportunidade de resolver o
problema de saúde. E o que ela fez? Por isso eu dizia, no início, que esse
assunto precisa ser tratado em várias oportunidades. No capítulo da Ordem
Social no artigo 194 que trata da Seguridade Social, ela universalizou a
cobertura. Entendam bem, universalizou: Quem paga e quem não paga vai ter
aposentadoria. É como, por exemplo, um de nós não tivesse pago o seguro do
automóvel e acontecesse um desastre onde o carro tivesse sido envolvido, sendo
que uma seguradora qualquer respondesse pelo acidente, pela restauração, pelo
acidente de terceiros e é isto que fez o administrador. Mas ele foi mais
longe... No art. 195, que trata justamente da fonte de custeio, e na área da
saúde o Parágrafo Único do art. 198 diz o seguinte: “O sistema único de saúde
será financiado nos termos do art. 195”, ou seja: continuam tirando dinheiro da
Previdência Social para fazer saúde. Ora, se a Previdência Social com o
dinheiro que tem não paga as aposentadorias e estão aí, recentemente, os 147%
sendo pagos parcelados: imaginem os Senhores como a Saúde vai tirar dinheiro de
quem não tem. E mais, Sr. Presidente, para concluir, no Capitulo da Ação Social
- um novo Ministério que criaram - é taxativo: “ Os recursos que vão financiar o Ministério da Ação Social
estão previstos no art. 195.” Parece mentira, parece brincadeira que queria se
fazer saúde neste País. Voltarei a tratar deste sério assunto até que se
esgote, para que os Vereadores possam acompanhar com serenidade a história da
saúde pública e da previdência em nosso País. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. NEREU
D'AVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o art. 155 do Regimento Interno
reza o seguinte: “O vereador poderá ceder sua inscrição no Grande Expediente,
ou dela desistir, se ausente, caberá ao líder dispor. Se licenciado, o suplente
disporá da palavra.” E o parágrafo único: “Fica facultada, com o consenso dos
inscritos, alteração da ordem para uso da palavra.”
Nós entendemos, Sr. Presidente, já que houve uma
confusão a respeito disso, que foi tomado o parágrafo único como regra, quando
ele é exceção. Na verdade, no caso do ausente, que foi o caso de hoje, já houve
outros casos, “caberá ao líder dispor”. Nada quanto à liderança, não é por
isso, é que gostaria que de agora em diante fosse respeitado o Regimento,
porque senão, o último orador, agora o Ver. Jair Soares, fica prejudicado,
porque o primeiro estava ausente, depois quando veio ao Plenário houve uma
confusão e, enfim, ele falou. Enfim, acho que o Regimento foi feito para ser
cumprido.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra, o Vereador João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, PDS ou PPR não há de fazer
diferença para as nossas convicções. Nós continuamos acreditando que o Partido
se organiza para lutar pela conquista do poder, para a realização do bem comum.
Então, não mudou nada, apenas fomos somando. Espero que possamos somar mais
para que na busca desta conquista do poder possamos realizar com competência o
bem comum. Mas este bem comum e esta competência é que complica algumas pessoas
que estão aí a nossa dirigir.
Eu tenho dito que mais importante que um regime
político, ou que o sistema político, é o próprio político, que tem que ser
sério e responsável. Deixei até de dizer, que tem que ser competente, porque
sendo sério e responsável, não tendo competência ele não aceita a indicação que
lhe é oferecida. Não é o caso da prefeitura Municipal. O Sr. Secretário
Municipal de Administração, que agride muito bem, e informa muito mal. Todo o
raciocínio de alguém que se assentar sobre números errados terminou. Porque eu
que conheço aquele número, eu não sei mais nada, só conheço aquele número, eu
acredito que o resto que ele está dizendo, já que o número é errado, também
seja errado.
O Ver. Henrique Fontana vem a esta tribuna e disse
que o médico trabalhando 30 horas recebe 16 milhões e alguns cruzeiros mais da
Prefeitura. E eu lhe perguntei se foi S. Ex.ª, o nobre, eminente, Secretário
Jorge Santos Buchabqui que o informou. Foi. Portanto, eu estou sendo roubado,
no mínimo, nesta altura, porque eu sou técnico-científico aposentado da
Prefeitura e aqui está o meu contra-cheque. Se pagam, por um médico em início
de carreira, dezesseis milhões e alguns cruzeiros e, na quarta referência - a,
b, c e d - recebo nove milhões, setenta e dois mil e quinhentos cruzeiros, fica
muito difícil eu compreender agora que não fui roubado, já que disse tantas
vezes desta tribuna que o Prefeito Olívio Dutra roubara, com a complacência do
seu Secretário de Administração, os servidores municipais. Em julho de 91 eu
vim a esta tribuna e disse que neste País, de acordo com o Código Civil, art.
6º, direito adquirido não se toma. E, aqui, o Prefeito Olívio Dutra, com seu
Secretário de Administração e sua Lei 6855, retroagiram, para tirar, de dentro
do bolso do servidor municipal, o dinheiro que lhe pertencia. Eu não vou falar
no prejuízo que pessoalmente me ocasionou tal fato. Por isso é que eu reclamei,
porque, para mim, lei é para ser cumprida, lei é para ser bem-feita, por
pessoas competentes. E os sérios e os responsáveis sempre são competentes nas
suas funções, porque não aceitariam ser secretários de administração ou coisa
que o valha se não tivessem competência. Os sérios e os responsáveis. Esse moço
que me agrediu, com todos os seus títulos que tenha, informou mal ao Prefeito
Olívio Dutra o seu salário, informou mal, ao Prefeito Tarso Genro o seu salário
e, agora, informa, ao Ver. Henrique Fontana, muito mal o salário de um médico.
Os médicos, neste País, ganham pouco - aliás, não são só eles que ganham pouco -
ganham muito pouco, para trabalhar e pela responsabilidade que têm. Agora,
esses oito milhões - deve ser oito milhões a diferença entre os dezesseis e o
salário básico de um médico - eu creio que o Dr. Jorge Santos Buchabqui, do
alto da sua competência, possa explicar, e até pagar para os servidores
médicos, que realmente merecem. E os técnicos-científicos da Prefeitura também
merecem. Então, vamos pagar, e não dizer que eles recebem dezesseis milhões
como os Vereadores receberiam noventa e oito milhões de cruzeiros. Competência,
em primeiro lugar, mas a competência sempre é resultado da seriedade e da
responsabilidade, porque se alguém me convidasse para ser Ministro da Saúde, eu
não aceitaria de jeito nenhum, pois só sei que tenho boa saúde, mas é só o que
sei de saúde. Se me convidassem para ser Secretário ou Ministro da Educação,
sei que tive excelentes professores que devem ser protegidos, cuidados, e param
aí os meus conhecimentos, não aceitaria. Também não aceitaria ser Secretário de
Administração, porque não entendo das coisas todas do Estatuto e Planos
Classificados. Mas, fui Secretário de Obras, do DMAE, fui Diretor, fui
Secretário dos Transportes e do Governo, tranqüilamente. Fui
assessor-engenheiro, tranqüilamente.
Mas, ser Secretário de Administração e da Saúde não
aceitaria, nem da Educação, porque gosto de fazer as coisas com competência,
com responsabilidade, com seriedade. E acho que quem informa que um médico na
Prefeitura ganha 16 milhões e que o Prefeito recebe 145 milhões não tem competência.
Não pode se dirigir a um Vereador, da forma descortês que aquele Secretário que
tem o título de advogado fez para este Vereador.
Lastimo, Vereador Henrique Fontana, que a V. Ex.ª
tenha incorrido em erro, induzido por uma pessoa que V. Ex.ª deve ter acreditado
na competência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Clênia Maranhão): Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato em
tempo de Liderança.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Srª Presidente e Srs. Vereadores. Iniciaria dizendo, também, que
fosse convidado para Secretário dos Transportes não aceitaria. Mas, vou falar
neste momento algumas coisas sobre táxis no Município de Porto Alegre.
Há muito tempo tenho constatado uma série de
reclamações com relação ao comportamento dos taxistas no ponto fixo da
Rodoviária. E acho que cabe uma reflexão a respeito deste tema, requeiro que a
CUTHAB, estude com carinho o problema táxi na Rodoviária.
No sábado pela manhã tomei um táxi em frente a
Igreja São João, na Benjamim Constant, vim ao Centro, na Rodoviária, e paguei
por um táxi de ponto livre 70 mil cruzeiros. E sábado, também, pela manhã,
pessoa do meu relacionamento veio de Encantado a Porto Alegre de ônibus e pagou
104 mil cruzeiros e pegou um táxi no ponto fixo da Rodoviária e se dirigiu a
Av. Nova Iorque, pelo trajeto mais curto e o Sr. motorista de táxi, alegando
que não havia ligado o taxímetro por esquecimento, cobrou nada mais nada menos
do que 210 mil cruzeiros, ou seja, em torno de 150 mil cruzeiros a mais, três
vezes a mais do que o valor correto. E a partir disso peguei um táxi e contei
ao motorista do ponto livre a façanha do motorista de táxi da Rodoviária
ponto-fixo. E ele disse que essa roubalheira generalizada tem suas exceções
sim, essa exploração do povo que vem sendo elaborada ali na Rodoviária pelos
taxistas tem trazido enormes prejuízos aos demais taxistas de Porto Alegre,
pelas seguintes razões. 1º: aqueles que sentem que foram efetivamente roubados
eles têm preocupações e não tomam táxi nos demais trabalhos que fazem na Cidade,
exatamente, pelo medo de também serem roubados. 2º: aqueles que entendem que
aquele preço é correto não tomam táxi também dos pontos livres, porque ficam
preocupados com o excessivo valor que se torna uma corrida aqui no Município.
Portanto, eu entendo que é necessário sim um debate especialmente na CUTHAB
para se analisar de que forma se pode eliminar aquele ponto fixo da Rodoviária
de Porto Alegre e passar para um ponto livre. Por que livre? Sei que vai gerar
uma polêmica violenta. Porque, se livre for o ponto de táxi da Rodoviária,
quando eu tomo um táxi lá na Assis Brasil e venho à Rodoviária o taxista que me
trouxe de lá sabe que ele tem um ponto de espera e que vai arrumar um
passageiro para o seu retorno. Isto vai viabilizar, vai facilitar aqueles taxistas
que não têm ponto fixo e vai eliminar esse tipo de absurdo que se faz com o
nosso porto-alegrense do interior ou aqueles que têm amigos no interior e que
vêm a Porto Alegre e se dirigem às nossas casas. Eu acho que é um debate que se
deve começar nesta Casa e estudarmos de que maneira vamos eliminar uma pequena
castinha de privilegiados, e com suas honrosas exceções, nós temos recebido
críticas permanentes da forma como se dirigem, com se comportam esses
proprietários de táxi, que fazem ponto na rodoviária, e isso faz com que
tenhamos uma discussão de como vamos eliminar esse tipo de casta e como vamos
beneficiar aos taxistas no seu âmbito geral. Todos podem ali buscar passageiros
e fazer com que o taxista tenha um instrumento para dar ao povo, ao passageiro,
no mínimo, o número do prefixo que ele aí tem. Então, esta era a minha
observação. E quero dizer que não é caso isolado não, porque moro em Porto
Alegre, há muito tempo, e sei muito bem como se comportam muitos. Quero dizer
que tem suas exceções, mas como se comporta a maioria quando pegam pessoas do
interior que não conhecem Porto Alegre.
Então, esta é a minha colocação, nós vamos começar
a estudar, eu, particularmente, já estou estudando, porque acho que nós não
podemos deixar que isto ocorra na Capital dos Gaúchos. Não podemos explorar os
Porto-alegrense e também nós, porto-alegrense, temos que ter o máximo de
atenção para fazer com que alguns privilegiados não roubem daqueles que vem do
interior. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Inscreve-se o Partido Democrático Trabalhista para tempo de
Liderança, Ver. Nereu D'Ávila.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero responder a dois
Vereadores, ao Ver. Guilherme Barbosa e ao Ver. Fontana, que profligaram a
política do Governo do Estado em relação à CEEE, o primeiro, e em relação à
saúde, o segundo.
Eu me surpreendo com o Ver. Guilherme Barbosa que
vem aqui defender interesses corporativistas, quando o PT é o primeiro, no
âmbito de sua política, quando há questões salariais, eles, demagogicamente,
devolvem o dinheiro das sessões extras na Assembléia, na Câmara Federal e
tem-se por partido puritano, mas, de vez em quando, deixam em determinadas
ocasiões, resvalar que todos somos iguais, quando se trata do bolso. O
Vereador, evidentemente, sob a capa de atacar a FIERGS, naturalmente, ficou
claro que ele está tratando, também, dos salários da CEEE. E eu queria deixar
claro que o PDT, o Governo do Estado, também participa da política de que todos
devem ganhar bem. É uma ansiedade da sociedade, e, por isso, há um estudo,
inclusive um confronto com o Deputado Barbeado, que já anunciou a sua saída do
PDT, e ninguém desconhece que o Deputado Barbedo é eleito exclusivamente pela
CEEE, em cima de questões puramente classistas ligadas à CEEE, e que o
Governador enfrentou o próprio Deputado do seu Parido, o PDT. Então, eu duvido,
Ver. Barbosa, que algum Governador ia entrar em rota de colisão com um
parlamentar do seu Partido, só porque ele achou que deveria, conviria. Ora,
não, é uma angústia da sociedade. E o que pediu o Governador ao nosso Vierinha
da Cunha, nosso ilustre ex-colega, que, pela sua ilibada conduta, pela sua
seriedade, foi colocado num posto de alta responsabilidade e de ebulição,
porque ele fica entre o seu Governador e, evidentemente, a pressão dos
funcionários da CEEE, exatamente para averiguar se é verdade, ou não, que lá
existem privilégios que outras categorias, e outros funcionários, também
gostariam de ter. Agora, previamente, ninguém está condenando os funcionários,
ou algo que o valha. Então é fácil chegar e colocar nos largos ombros do
Governo do Estado a culpa de tudo que acontece. Só que uma verdade é
insofismável: o Governador Collares está adquirindo, em determinados setores,
verdadeiro ódio, porque ele está em rota de colisão com verdadeiras corporações
que, incrustadas em determinados locais, só querem o “vem a mim, vem ao meu
bolso”, para os demais o dinheiro público não interessa. O segundo caso do
Vereador que profligou a questão da saúde, e eu falei demais na CEEE, me
sobrando menos tempo para a saúde, é o seguinte: no início do Governo Collares,
eu mesmo conheci um posto que foi concluído no fim do Governo Simon, que estava
abandonado lá na Ponta Grossa - visitei pessoalmente o posto - , e já estava
sendo apedrejado. E o Ver. Edi Morelli subiu diversas vezes nesta tribuna para
cobrar que o PDT não colocava verbas.
Falei, pessoalmente, sobre esse caso com o
Secretário Júlio e ele foi pessoalmente a Ponta Grossa, depois provou por “a”
mais “b” ao ex-Vereador Morelli que a questão não era de o posto estar fechado
pela vontade do Governo. A questão era o salário do médico, já que ninguém
queria ir para Ponta Grossa pelo que ganhava. Depois um médico apareceu na Zero
Hora sendo destituído pelo Governo do Estado por não comparecer para fazer o
horário integral e ganhava determinada quantia. Ficou o médico mal, quando, na
verdade, o médico dava o atendimento e saía, porque um médico não pode
sobreviver com o que ganha para atender num posto de saúde.
A mesma coisa na Ilha da Pintada, em que há a
necessidade de médico, mas ninguém quer ir para lá. E se algum dos Senhores
arrumar um médico para a Ponta Grossa ou para Ilha da Pintada com o salário
atual que o Governo pode pagar para um médico, está desafiado a fazer essa
colaboração com o Governo.
Não é a vontade do Governo, um governo que tem
responsabilidade, abandonar postos feitos, porque não quer a saúde pública.
Então acho que os pronunciamentos feitos pelos Vereadores Jair Soares e João
Dib alargaram bastante a questão da saúde, que, infelizmente, o tempo é curto e
não pude dar atenção a questão básica.
Peço - já que o Ver. Fontana se referiu a
mini-deputado - que nos atenhamos a ser Vereadores de Porto Alegre e nos
informemos com os milhares de problemas que têm aqui, em Porto Alegre e,
deixarmos simplesmente de cumprir com uma atribuição que tanto nós, do PDT,
como os demais partidos, em termos bons representantes na Assembléia
Legislativa do Estado. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Solicito à Sra. 2ª Secretária que proceda à chamada nominal
para a verificação de “quorum” para entrarmos na Ordem do Dia.
A SRA. 2ª
SECRETÁRIA: (Procede à Chamada.)
Sr. Presidente, há 22 Srs. Vereadores em Plenário.
O SR.
PRESIDENTE: Há “quorum”.
Dado inexistirem projetos na Ordem do Dia, passemos aos Requerimentos.
A SRA. 2ª
SECRETÁRIA: Requerimento de autoria do Ver. Airto Ferronato, solicitando
que o período de Comunicações do dia vinte e oito de abril do corrente seja
destinado a homenagear o Jornalista e Radialista Enir Borges e a produtora
Maria Helena Borges, do Programa “Comunicação Pampa”, emissora da Rede
Riograndese de Comunicação, pelos relevantes serviços prestados à comunidade,
em especial aos idosos.
O SR. PRESIDENTE:
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos às
O primeiro orador inscrito é o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A Verª Maria do Rosário ocupou esta
tribuna, hoje, manifestando a sua preocupação com os lotes de 5m x 25m,
totalizando uma área de 125m². É um projeto que o Executivo mandou para cá,
para esta Casa, sobre parcelamento do solo, e que eu acho da mais alta
relevância. São, na realidade, ruas mais estreitas, ruas não totalmente
pavimentadas, infra-estrutura incompleta, mas divididas em quarteirões de 400m
de lado, e aí então nós temos a rua onde passará o ônibus que será pavimentada,
a rua secundária onde apenas, eventualmente, passará o caminhão do gás e do
lixo não precisa receber a pavimentação que torna o loteamento caro. São
loteamentos populares, porque hoje nós temos loteamentos residenciais e
industriais, e agora é permitido, pelo Plano Diretor, que o DEMHAB possa fazer
loteamentos que não tem 5% de 25m, mas vendem por um preço tal, como se
tivessem 10m x 30m. O DEMHAB que deveria dar oportunidade aos moradores menos
aquinhoados desta Cidade, terem seu lar, sua habitação. Se não me engano são 6m
x 12m, na Chácara da Fumaça, comprados na minha administração, completado o
pagamento na administração Collares, uma metralhadora, a área da metralhadora
são 32 hectares, a Chácara da Fumaça tem 55 ha, e não sei por que o DEMHAB
guarda aquilo com tanto carinho e não chama os pobres e resolve o problema
deles.
Há um documento onde o DEMHAB acusa todas as
administrações anteriores de ineptas, tenho minhas dúvidas. Eu posso dizer que
fiz 2.500 habitações, não de 12m², que a televisão mostrou que num ângulo só
mostrava a cozinha, o quarto de banho, o dormitório, a sala, e tudo numa foto
só de 3x4. Eu não fiz isso aí. Eu fiz 2.500 habitações. No Sarandi fiz 320 ou
360; lá na Restinga 414 apartamentos, não sei nem para quem foram dados.
Simplesmente se inscreveram, receberam e o Prefeito não interferiu, não mandou
nem encaminhou ninguém.
É uma grande lei que está nesta Casa para que o
loteador, o investidor tenha condições de fazer o que a Prefeitura, através do
DEMHAB, não o faz. É uma grande lei. Pode ser legal, não estou dizendo que não
é legal, mas o Prefeito é o Prefeito de todos os cidadãos: do rico, do pobre,
do miserável e do remediado. Ele é Prefeito de todos.
Então, vejam os moradores da rua de Jacundá e Murá
que, no passado, adquiriram seu terreno, com sangue, suor e lágrimas, e com
muito mais sangue, mais suor e mais lágrimas conseguiram construir suas casas.
É tudo o que eles têm. A Casa, talvez, um automóvel e, talvez, um telefone, não
têm mais do que isso. Não são ricos, não são milionários, mas a Administração
da Prefeitura - e hoje eu devo elogiar a Verª Helena Bonumá, quando disse a
“Administração Popular” e retificou para “Administração Municipal”, meus
cumprimentos, e assim que deve ser – a Administração da Prefeitura parece que
tenta tirar de quem imagina que tenha, para dar para quem não tem, para que no
final todos fiquem sem nada. Me parece que esta é a preocupação.
Vejam que quem tem uma casa construída com sangue,
suor e lágrimas, que vale um bilhão de cruzeiros a casa da pessoa, e, ao lado
tem outro terreno, de um amigo dele, também vale um bilhão de cruzeiros. Um
bilhão de cruzeiros não é muito valor para uma casa, segundo a Prefeitura, a
Administração da Prefeitura. Agora, entre os dois, classe média remediada, a
Prefeitura, então, constrói 33 sobrados de 36 metros cada um, um ligado no
outro, e a Verª Maria do Rosário vem me reclamar de terreno de 5 por 25 metros,
em loteamentos populares, continua sendo 10x30 o mínimo. A Vereadora tinha que
conhecer essas coisas.
O que acontece com os moradores das duas casas lado
a lado com os 33 palácios que a Administração da Prefeitura, através do DEMHAB,
com o dinheiro público, está financiando à empresa privada? Os dois que tinham
suas casas com sangue, suor e lágrimas, perderam o sangue, perderam o suor e
perderam as lágrimas, porque a casa que valia um bilhão de cruzeiros nós
sabemos que não vale mais um bilhão de cruzeiros.
Ou, talvez, na Vila Planetário, onde, safadamente, dois engenheiros do PT, porque não são da Prefeitura, assinaram que era área não urbanizada, e o juiz, em cima da definição de dois engenheiros safados, cassou a liminar que havia sido concedida para impedir as obras. Eu estou lá no CREA, buscando uma solução de ética, falta de ética e falsidade ideológica. Era o mesmo que dizer que, aquela área, onde hoje está construído o edifício do GBOEX, e pertenceu ao Grande Hotel, no momento em que foi queimado o Grande Hotel, foi demolido o restante, aquele meio quarteirão e a Av. Caldas Júnior, Rua dos Andradas, Rua Riachuelo, ficaram sem nenhuma construção. Então, segundo técnicos do DMAE, um técnico do DMAE, do PT, não tenha água naquela zona onde casas foram desapropriadas para construírem uma escola para excepcionais. Eles disseram que não havia urbanização, água, esgoto. Segundo esses nobres engenheiros do PT, na Vila Planetário também não havia água, casas, esgotos, só o Arroio Dilúvio passando, isso de leve. Todos tinham água na rua, no Planetário, ruas perfeitamente iluminadas, delimitadas, sem problemas nenhum, estava lá: água, luz e esgoto, mas para eles não era urbanizado. Então a Casa precisa meditar e muito, nesse processo de parcelamento de solo, que aqui está mandado pelo Executivo Municipal, e que já defendi no ano passado, e estou defendendo de novo, porque é uma possibilidade somada ao Código de Edificações que nós aprovamos, aqui, com uma pequena Emenda, uma grande possibilidade do menos aquinhoado construir a sua casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Milton Zuanazzi): O próximo Vereador inscrito para o período de
Comunicações é o Vereador João Motta que cede o seu tempo para o Vereador José
Gomes.
O SR. JOSÉ GOMES: Sr. Presidente e Srs. vereadores:
Agradeço ao companheiro João Motta por ter me
cedido o seu tempo e quero trazer um problema, que é a realidade da
conseqüência do trabalho das polícias no combate à criminalidade, que são as
casas prisionais. Vejam bem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Presídio
Central, hoje, em Porto Alegre, contém uma massa carcerária de um mil e
oitocentos presos, ou detentos. A capacidade desse presídio é para seiscentos
presos, ou seja, estamos com três vezes o número da capacidade máxima de
reclusos naquela casa.
Esses dias, conversando com o Presidente do
Sindicato dos Agentes Penitenciários, fui informado de um dado estarrecedor e
dramático: 90% dos presidiários são portadores do vírus HIV Positivo, ou seja,
um mil seiscentos e vinte detentos são aidéticos.
Dentro do Presídio Central não se distribui o AZT.
É uma política! É para que os portados do HIV Positivo morram. Então, os
últimos que sobreviverem à doença, receberão o AZT.
Isso é preocupante. Eu quero dizer, Vereador Nereu
D'Ávila, que isso é um problema que está dentro da nossa Cidade. A Constituição
Estadual fala da política do serviço penitenciário. Esta Casa precisa acordar
para este drama, que é o Presídio Central do Porto Alegre.
Noventa por cento dos presos são Portadores do HIV
Positivo! Esse dado não está só na minha mesa, está na mesa do Presidente do
Sindicato, que me passou esse dado.
É muito alto, sim! nós fizemos um Pedido de
Informação ao Governo do Estado, para que ele pudesse oficializar esse dado.
Esse dado não vai chegar, porque acharam, por bem, consultar a Procuradoria
Geral do Estado para ter um parecer.
Esse dado, também, é alarmante quando se entra no
Presídio Madre Pelletier. Isto é um problema que a sociedade precisa saber.
Esta Casa tem que tomar uma posição.
A Comissão de Saúde desta Casa precisa saber desse
fato.
O Sr. Eliseu
Santos: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acho que a
sua preocupação é de grande importância mas os presidiários que agrediram a
sociedade, eles têm um hospital lá dentro, têm médicos, têm horário de lazer,
têm casa, comida e nós devemos encarar isso com grande responsabilidade mas
devemos nos preocupar com as crianças que estão aí na rua perambulando e
dormindo nas calçadas para que amanhã ou depois não caiam lá dentro.
O SR. JOSÉ
GOMES: O nobre Vereador oportunamente usa o aparte concedido, mas fiquei
preocupado com que ele fala: “Lá dentro têm médicos, comida, casa, banho de
sol.” Até parece que o Presídio Central é um Hotel de cinco estrelas, ou é um
hotel-fazenda. Meu caro nobre Vereador, o Sr. é médico. Aqueles homens têm que
ser recuperados para serem devolvidos à sociedade. Nós temos, sim, que
trabalhar em cima da questão da criança que está na rua mas nós não podemos
omitir que lá dentro têm cidadãos que hoje são portadores do HIV. O Senhor é
médico, o Senhor fez o juramento de Genebra, o Senhor não pode fazer isso como
médico que é.
O Sr. Eliseu
Santos: O juramento não é de Genebra, é de Hipócrates. O Senhor está meio
agitado. Eu não estou dizendo que sou contra os aidéticos. Nós estamos vendo as
prioridades. Se formos colocar prioridades, a gente tem gente inocente que têm
mais necessidade de assistência que bandidos. Está é a minha colocação.
O SR. JOSÉ
GOMES: Com todo respeito ao ilustre Vereador, eu acho que ele não conhece
isso: a defesa da vida. Eu acho que ele faria uma dupla com o Ver. Pedro
Américo Leal. Nós terminaríamos com os detentos e resolveríamos este problema
da sociedade. É simples. Eu gostaria de que esta Casa se atentasse para esse
problema. O nobre Vereador que é médico pode nos ajudar a fazer com que se
desenvolva um trabalho de distribuição de AZT para esses detentos. Mesmo com
todo o problema que nós sabemos, que são marginais, delinqüentes, mas nós não
podemos tirar a vida dessas pessoas.
O Sr. João Motta: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, só a título de informação, não quero criar uma falsa polêmica com o Ver. Eliseu Santos, até pelo respeito que tenho por suas posições, já manifestadas, na área da saúde pública. Agora, a realidade específica do presídio não é diferente da realidade geral do País nessa área. Por isso acho pertinente o pronunciamento do Ver. José Gomes, porque esse problema de medicamento é um problema estrutural que existe hoje no que diz respeito ao atendimento desse tipo de doença, que aliás é uma epidemia. Em Porto Alegre são mais de 800; é um diagnóstico da Secretária Estadual da Saúde. Esses pacientes exigem periodicamente atendimento em hospitais, e nós sabemos que em Porto Alegre existe um hospital padrão, que é o Hospital de Clínicas, que tem dezoito leitos. Vejam o quanto se precisa ainda melhorar o atendimento desse tipo de paciente. É o problema que o Ver. José Gomes enfoca corretamente; é um problema de cidadania. Temos que ter coragem de assumir claramente, ou a defesa da melhoria do atendimento, com a distribuição do AZT e medicamentos - apanha todo o conjunto do problema - ou nós vamos discriminar os presos; vamos puni-los duplamente: primeiro, porque o sistema carcerário no Brasil é uma vergonha - e esse presídio não é uma exceção - já é uma punição, e, em segundo, vão ser punidos por serem portadores do vírus, ou têm HIV positivo. Eu acho que não é por aí. Na seqüência vamos desenvolver a discussão para esclarecimento do Plenário.
O SR. JOSÉ
GOMES: Esses dados que o nobre Ver. João Motta traz são oficiais. Os dados
do sistema prisional não estão sendo passados para a Secretária da Saúde. A
sociedade não está sendo informada do quadro caótico do sistema prisional.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Guilherme Barbosa que utiliza o tempo do
Ver. João Verle.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, alguns dias atrás, o
Governador Collares deu um vereador xeque-mate na direção da FEPLAM - Fundação
Estadual de Proteção e Meio Ambiente - para que emitisse uma autorização para
que a ELETROSUL continuasse com a construção da Usina Termoelétrica de Jacuí I,
localizada em Charqueadas. Esse pedido de liberação está na FEPLAM há bastante
tempo e nunca foi dado em razão do forte potencial poluidor para toda a região
metropolitana, inclusive, Ver. Dib, para nossa Cidade, Porto Alegre, que fica a
32 Km de distância da Usina. O que nos surpreende é que teremos que dispensar
todo o quadro funcional da FEPLAM, porque, agora, as autorizações serão dadas
por ordem direta do Sr. Governador ao Sr. Presidente da Fundação, o Geólogo
Luciano Marques. Não foi dada essa licença, porque os pareceres são contrários,
exigindo a colocação de alguns equipamentos na usina que, por sua vez, nega-se
a colocá-los sob a alegação de que são muitos dispendiosos. Com essa
preocupação, a COSMAM, na última reunião, discutiu o assunto e decidiu fazer
uma noite de debates com a presença da FEPLAM, da ELETROSUL e de dois técnicos
qualificados que são a Engenheira Josete Sanches, funcionária da CIENTEC, e o
Prof. Anildo da Universidade Federal, para que não seja colocada goela abaixo a
construção dessa Usina sem as precauções necessárias para evitarmos uma
poluição muito grande. Gostaria de que os Srs. Vereadores se agendassem para o
próximo dia 13, às 19 horas, neste Plenário, quando ocorrerá um debate que vai
aprofundar essa questão, para que nós não tenhamos enfiado goela abaixo, a
construção de uma usina altamente poluidora, sem que tenhamos os equipamentos
necessários para evitar essa poluição.
O Sr. Milton
Zuanazzi: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador,
concordo acho boa a discussão, profícua, mas o termo goela abaixo é que não
está, neste aspecto, correto. A reivindicação da reabertura do trabalho dessa
usina é uma reivindicação de toda a região carbonífera, na sua integralidade,
inclusive do movimento sindical dos mineiros, dos metalúrgicos que, no ano
passado, fizeram um ato e trancaram a BR-290. Hoje, Charqueadas tem o maior
índice de desemprego, possivelmente, do Brasil. Mais de 50% da mão-de-obra
ativa de Charqueadas está desempregada. Há uma situação de desespero na região.
Com a venda da Aços Finos Piratini, com a privatização da Piratini, mais de mil
empregados foram demitidos, e não se sabe, até hoje, qual é o futuro da
Piratini. A situação do carvão é dramática. Há uma reivindicação da região, e
certamente, o governador está sendo sensível a ela. Evidente, que os problemas
ecológicos, e os demais, vão ter que ser observados. Eu gostaria de participar
desta discussão. Não é goela abaixo nesse sentido. Há uma reivindicação de uma
comunidade inteira pela continuidade dessas obras. Muito obrigado.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: O seu aparte, sem dúvida, é pertinente, Ver. Milton
Zuanazzi, e veja que não estou aqui me posicionando contra a construção da
usina. Ela, realmente se insere numa região carente. Há uma extensa mina de
carvão nesta região. Portanto, o local está indicado para isso. Agora, não pode
o Governador ultrapassar as resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente,
que exige o EIA e o relatório Rima, que são antigos e precisam ser atualizados
sem que a usina seja construída com equipamentos que reduzam significativamente
a poluição, e que se estude tudo isso com muito cuidado para que nós não
venhamos dar emprego para algumas pessoas e depois matá-las com poluição,
porque tem um potencial poluidor muito forte.
O Sr. Eliseu
Santos: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na Inglaterra
e em outros países de primeiro mundo, Vereador, eles estão fechando as minas de
carvão e os tupiniquins aqui vão inventar de abrir, para poluir. Estamos
regredindo ao invés de ir para frente. Temos que copiar dos países evoluídos as
coisas boas e não o contrário. Também sou a favor da criação de empregos, mas
não para matar a população numa distância de 30 Km.
O SR. GUILHERME
BARBOSA: São essas questões que precisamos aprofundar. Não pode o
Governador, simplesmente, em seu gabinete, autorizar a construção da usina
ultrapassando essas exigências e essas preocupações.
Sempre que intervim sobre a questão salarial da
CEEE, afirmava: “Temos distorções sim e eu sou a favor de que acabemos com
elas. Não quero assemelhar-me ao comportamento do Deputado Barbedo, longe
disso. Quero uma empresa eficiente, enxuta e que preste um bom serviço à
população.” Não podemos, em cima de distorções localizadas, globalizá-las como
se os problemas da CEEE fossem causados por seus funcionários. Não são. São
problemas de outras origens. Já estive conversando com o presidente Vieira da
Cunha - que me considera um amigo - e disse a ele, em janeiro, que uma
auditoria realizada na empresa indicava para um pacto de governabilidade na
empresa. Como é que se faz este pacto de governabilidade? Chamando os
funcionários, através de suas entidades representativas, o Governo do Estado, a
Direção da empresa e os usuários. Hoje vemos que entrou neste jogo, nesta
discussão, talvez neste pacto canhestro a FIERGS, e o outro lado ficou
escanteado. Eu não defendo privilégios - tem motorista ganhando em torno de cem
milhões de cruzeiros -; sou contra; tem que terminar com isto. Sou contra,
também, à incorporação de FG’s, mas estão tocando nos salários e estes, na
média, estão abaixo de todo setor elétrico brasileiro.
Para finalizar, Sr. Presidente, o Ver. Dib fica
muito ofendido - com razão - quando o Secretário da Administração manda uma
carta dura, mas ele não pode afirmar que alguns engenheiros que dão pareceres
com os quais o Vereador não concorde, sejam safados. Isto baixa o nível da
discussão e os funcionários da Prefeitura vão ficar muitos zangados com a V.
Ex.ª, Vereador. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Vereador Milton Zuanazzi.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Sr. Presidente, Srs. vereadores, o tema que trago para discutir é
um tema que é polêmico, sobre as estatais. Na semana passada foi a questão da
CSN, Ver Guilherme Barbosa acabou de citar a questão da CEEE, seguidamente vêm
assuntos do DMAE, ora do monopólio da Petrobrás, ora do monopólio das
Telecomunicações. Vejo alguns Vereadores virem à tribuna e se posicionarem com domínio
de causa, o próprio Ver. Jair Soares fez hoje um discurso com requintados
componentes sobre a questão da Previdência Social, Ver. João Dib, Vereadores
que foram secretários têm ocupado a tribuna para discutir. Se existe um assunto
que eu aprendi a conhecer, chama-se CRT, fiquei lá um ano, exatamente.
Apresentamos um conjunto de obras, enfrentamos a problemática, uma problemática
generalizada nas nossas estatais, portanto nós precisamos encarar esse assunto
com muita seriedade, pouco discurso, muita seriedade, pois o assunto é muito
sério. Não basta nós termos uma posição a favor de reivindicações do corpo
funcional. O próprio corpo funcional está à procura de caminhos que também não
os conhece. Li com tristeza notícia de que os funcionários da CSN estavam a
favor da privatização. Tenho visto determinados tipos de Sindicalismo
diferentes em relação às questões das estatais, da mesma forma há sindicalismos
cegos, obsoletos, atrasados. Os problemas existem de fato, a comunidade pede
mais desse colega de vocês que por lá passou, passará a ser viável a partir do
momento que atingir um milhão de linhas. Fui verificar isso “in loco” numa
viagem que fiz, oficial, a convite da Televert, a estatal sueca, que lá recebi
essa informação: a partir de um milhão de linhas a estatal de telecomunicações
é viável, se auto-sustenta e pode se programar para o futuro e atender às
demandas. Por que um milhão de linhas? Porque a medida que aumenta o número de
linhas e diminuem os investimentos necessários, numa mesma rede se colocam mais
telefones, num mesmo prédio, onde está a mesma central, não precisam ser
construídos novos equipamentos de infra-estrutura para essas centrais
telefônicas, é simplesmente ampliação da central e algumas ampliações de rede.
Os custos dessa ampliação são menores que o da implantação. Então, dá para se
dizer que as fases difíceis da CRT estão sendo passadas nesses últimos trinta
anos, vinte anos e nos últimos dez anos, é na fase do investimento que você
constrói um prédio de dezessete andares no centro da cidade, que você constrói
centrais por Porto Alegre, pelo interior. Esta é a fase do grosso do
investimento, mais ou menos feita. Agora com novas tecnologias, principalmente
a celular, o nível de necessidade de infra-estrutura ainda são menores. De qualquer
forma, seria um equívoco meu, seria um oportunismo, um absurdo, eu dizer que a
CRT não necessita de investimentos nesta hora, ela necessita, pelos meus
cálculos com alguns técnicos da Companhia, no mínimo de cem e no máximo de
cento e cinqüenta milhões de dólares. E nesse sentido sempre fui favorável,
Ver. João Dib, a que abríssemos o capital da Empresa para captarmos esses
recursos, inclusive, se pudéssemos discutir até as ações ordinárias dessa
Empresa. Para mim sempre a questão central, e é por isso que defendo a
manutenção do Estado na CRT, numa Companhia como a CRT é a questão da gestão a
ser discutida. Essa gestão é feita por quem e para quem? Essa é a discussão
central. Claro que o capital e a própria Constituição do Estado determina que
cinqüenta e um por centro seja do Governo. Está na Constituição, teria que se
ultrapassá-la, não é esta a pretensão do Governador Collares, a questão é a
quem se destina essa gestão e o que queremos com a nossa central. Por isso
sempre preguei que devêssemos fazer um contrato de gestão e aprovar lá, na
Assembléia Legislativa, com compromissos públicos. Irão entrar cento e
cinqüenta milhões de dólares em venda de ações. Ótimo, sou a favor. Agora, este
dinheiro será investido aqui, aqui, aqui... assinado em documento pelo
Governador do Estado. Aí quem vai ser o gestor da Empresa? Podem ser os
próprios funcionários, por que não? Não precisa ninguém de fora, nem
estrangeiro nem nacional. Eles vão dirigir uma gestão aprovada pelo povo
gaúcho, através da Assembléia, o povo faz reivindicação e se faz a gestão. Essa
minha proposta eu quero voltar a reafirmar: a favor de abrir o capital, sim;
entrega da gestão da CRT, não. Não me importa se será o meu Governador ou quem
seja. Entrega da gestão não sou a favor, não concordo.
O Sr. João
Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador
Zuanazzi, quando V. Ex.ª presidia a CRT, eu fiz, nesta Casa, um Voto de
Congratulações pela excelência da equipe da CRT. Eu repetiria isso hoje. Então,
V. Ex.ª terá sempre ao seu lado este Vereador, quando se tratarem de coisas da
CRT.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Muito obrigado, Vereador. Obrigado, Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clóvis Ilgenfritz): O próximo Vereador inscrito é o Ver. Luiz
Braz, que cede seu tempo ao Ver. Jocelin Azambuja. Com a palavra, o Ver.
Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Aproveitando o discurso
do Ver. Milton Zuanazzi, eu ia fazer uma intervenção no sentido de mostrar
também a nossa preocupação. Evidentemente, ele colocou sua posição pessoal em
relação à CRT, à abertura de capital. Preocupa-nos bastante essa questão, já
que estamos em luta permanente contra as privatizações. Parece-nos que a CRT
representa uma bandeira muito positiva para o Rio Grande do Sul, assim como a
CEEE, e é preocupante essa postura que o Governo assume - eu até pensei que
ouviria o Brizola se manifestar a respeito, até porque ele está muito envolvido
com a questão da CRT e CEEE, mas não tive a felicidade de ouvi-lo. Gostaria de
saber qual seria a posição do PDT com relação e essa questão, fico aguardando
os encaminhamentos dos colegas do Partido.
Mas minha manifestação aqui se prende aos acidentes
que estão ocorrendo junto às escolas. Sabemos que Porto Alegre tem 257 escolas
estaduais, 33 municipais, oitenta e poucas particulares, mais jardins de
infância, enfim, uma série de unidades escolares em Porto Alegre.
Na sexta-feira, estive, juntamente com o nosso
Nobre Ver. Fontana numa escola, a Escola Gustavo Humpte, na zona norte, no
famoso valão do Jardim Itu. Estávamos verificando a situação que está hoje
exigindo do Município uma atuação forte no sentido de resolver aqueles
problemas, que envolve, ali na Baltazar de Oliveira Garcia, uma outra situação,
a travessia da Baltazar. A Baltazar já teve inúmeros acidentes com estudantes.
Mortes. Diversas mortes, como em outras avenidas de Porto Alegre.
Evidente que o município de Porto Alegre tem muitas
solicitações no que tange a sinaleiras, sonorizadores, os famosos obstáculos
chamados de quebra-molas, que há muita contestação e discussão a respeito, mas
na realidade, se é área que não abro mão que se tenha controle absoluto é as
que envolvem escolas.
Acho que onde está envolvida uma criança, evidente
que todo o cidadão de Porto Alegre merece a proteção permanente do Estado, mas
numa escola a atenção é dupla, tripla, em total escala ascendente, por quê?
Porque a criança, nunca se sabe qual vai ser a sua atitude.
E a semana passada tivemos aquele estudante ali, na
Bento Gonçalves, que foi atropelado a acabou falecendo, isto tem sido uma
constante. Há algum tempo, quando presidia a Associação do Círculo de Pais e
Mestres do Rio Grande do Sul, me batia, justamente com as administrações
municipais, por não se prevenirem neste sentido de orçarem uma verba para a
solução deste problema. E entra ano e sai ano, eu me lembro quando assumiu o
Ver. Antonio Hohlfeldt, lá na Secretaria de Transportes, eu o estive visitando,
e me lembro que ele esclarecia que tinha dificuldade para conseguir tinta,
estava conseguindo com algumas empresas, porque não tinha verba no Município
para fazer as faixas de segurança que eram necessárias nas escolas. Me lembro
de um projeto que andaram colocando sonorizadores por Porto Alegre, meio
espalhados. Não me lembro em que Administração foi, sei que não avançou.
O Sr. João
Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Aquilo que a
Secretaria Municipal dos Transportes chamou de sonorizador, é quebra-molas?
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Não, um anterior, que até me recordo foi colocado lá na
frente da José de Alencar. Em frente da Igreja do Menino Deus e andaram
colocando em alguns outros locais. Abriram e fizeram toda uma preparação para
ser colocado o quebra-molas e depois não foi colocado. Não me lembro qual foi a
Administração, se a do Dr. Collares, ou na sua. Não me recordo.
O Sr. João
Dib: Os dois que foram colocados, corretamente, no meu entendimento,
corretamente na parte técnica, porque de acordo com o Código de Trânsito também
não pode, estão ali na frente do Beira-Rio e no Colégio Anchieta. Agora, os
outros são quebra-molas mesmo, a própria Justiça disse isso. Mas a
administração da teimosia não retira.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: De qualquer maneira, eu acho que a Administração
Municipal tem que encarar com prioridade essa questão de segurança frente às
escolas, nas áreas que dão acesso às escolas. Por exemplo, no caso da Escola
Gustavo Ramos, o problema não fica exatamente na frente da escola, mas fica à
meia quadra, quando se tem que atravessar a Baltazar. Eu vi, inclusive, que tem
um posto do Correio. A ginástica que as pessoas fazem para atravessar aquela
rua é algo espantoso, porque o movimento é intenso. Assim, existe uma série de
outras áreas de Porto Alegre. E eu lembrava de quando foi solicitado pelo
presidente da FIERGS para que se invertessem a mão na Freeway durante o
veraneio, eu conversava com um patrulheiro rodoviário e fiquei sabendo que
aquilo não era viável de ser aplicado, porque com o tráfego do jeito que
estava, mesmo congestionado, poderiam acontecer acidentes que se eles ficassem
só no aspecto de danos materiais, não haveria muito problema, agora, se
houvesse um pessoa que se ferisse, as coisas seriam diferentes. Esse pensamento
me pareceu correto naquele momento, porque ele me provou que quando fizeram o
trajeto único, houve acidentes com pessoas feridas, o que inviabilizou a
continuidade daquele processo. Essa tese me soou bem aos ouvidos, porque é a
mesma tese que tem que se ter com as crianças. Quer dizer, quando se tem um processo
que se coloca em risco a segurança das crianças perto das escolas, o Prefeito
tem que priorizar imediatamente. Não tem conversa. Tem que arrumar dinheiro. E
eu não vi ainda nenhuma administração que encarasse isso com total dedicação,
com todo o respeito ao Ver João Dib, porque eu faço, há anos, reivindicações
junto a órgãos públicos para que perto das escolas se tenha segurança total,
que se tenham faixas de segurança, que coloquem, se for o caso, sonorizadores,
enfim, que se criem mecanismos de proteção à vida dessas crianças. Porque nós
não temos com explicar, depois, para um pai ou uma mãe de uma criança que ela
foi morta por atropelamento ao sair da escola. Não dá, realmente, para
entender. Eu acho que existem prioridades e prioridades e, esta, para mim, é
uma prioridade.
O Sr. Darci
Campani: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Temos
verificado, também, que pinturas de faixas de segurança não adiantam nada.
Provavelmente, a intervenção tem que ser mais forte, com sinaleiras, agentes de
segurança na área. Mas, acho que nós legisladores, temos que nos preocupar com
as causas, e não nos cabe a nível de Município, ou seja, os nossos veículos
podem chegar a 200 Km por hora num País onde isto é proibido. Deveríamos nos
preocupar com isto, com veículos que são um verdadeiro convite a morte,
verdadeiras máquinas de morte. Temos que questionar a questão dos veículos.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Está correto o seu ponto de vista, agora existe uma lei
aprovado por esta Casa no ano passado, a lei 7012, que fixa obrigatoriedade de
implantação de redutores de velocidades, faixas-de-segurança, sinalização
complementar nas proximidades das escolas de primeiro e segundo grau. Esta Casa
já aprovou e temos que cumprir a lei. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Vereador José Gomes em
O SR. JOSÉ GOMES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu acho que esta Casa está primando pela qualidade e não pela quantidade, os Vereadores que estão aqui são os que estão interessados em ouvir e discutir os problemas da Cidade.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu protocolei
nesta Casa um Projeto de Lei onde nós obrigamos as empresas de transportes
coletivos urbanos desta Cidade a instalarem em seus ônibus um dispositivo onde
possa comunicar à polícia o local exato onde está acontecendo o assalto. Por
que isso Sr. Presidente, Srs. Vereadores? No ano de 1992 nós tivemos em Porto
Alegre 317 assaltos a ônibus, onde tivemos a perda de 4 cidadãos, ou seja, 4 vítimas
fatais. A última vítima foi na Vila SESI por volta das 23 horas. O delinqüente
além de assaltar o ônibus tirou a vida do motorista. Então, preocupados com
esse quadro nós apresentamos este projeto. E talvez alguns Vereadores se
perguntem: existe “know-how” no mercado para instalação desse equipamento?
Existe. E pasmem os Senhores, existe “know-how” gaúcho, não é tecnologia
importada do primeiro mundo. Aqui no nosso Estado existem empresas 100% gaúchas
que dispõem desse equipamento. Equipamento simples, um simples botão que ao se
acionar, através de ondas magnéticas, transmite para uma central, cairá em
outra central de recepção que é um computador e através de um software
informará o local exato onde está acontecendo o assalto. A tecnologia já existe
está à disposição dos empresários, basta para isso que haja boa vontade para
que o sistema seja implantado, para que Porto Alegre, de fato, possa ser uma
cidade preocupada com o problema da segurança, com a violência urbana, não só
com o prejuízo que teve a Patronal, que no ano de 1992 chegou 52 bilhões de
cruzeiros. Essa cifra, Sr. Presidente, Srs. Vereadores daria para ter comprado
8 novos ônibus que deixaram de circular em Porto Alegre em função de prejuízo
que as empresas tiveram com os assaltos. E muito desse valor, eu fui informado
pelo sindicato, foi repassado ao sindicato, cobrado dos profissionais, dos
cobradores e dos motoristas que tiveram que reembolsar a empresa onde trabalham
e que fora assaltada. Eis a sugestão Sr. Presidente e Srs. Vereadores para que
Porto Alegre de fato tenha uma preocupação com relação a segurança dos ônibus,
com o patrimônio maior que os empresários do transporte coletivo têm, que é a
vida dos seus empregados e para que a sociedade, aquele cidadão que pega o
ônibus, que vai para a Casa, que vai para o trabalho, possa ter uma segurança
de fato no transporte coletivo, porque quando o marginal entra no ônibus, ele
não quer saber se alguém vai esboçar uma reação, ele está pronto para que o
primeiro a esboçar reação seja eliminado. Com este dispositivo, eu tenho
certeza de que Porto Alegre não só será uma Cidade piloto em matéria de
segurança, como esta Casa se engrandecerá por aprovar este projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito, Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. Eu quero usar
este momento de Explicação Pessoal para também abordar o assunto que já
tratamos na sexta-feira passada e que, hoje, também foi tocado pelo Ver. Milton
Zuanazzi, que é o processo, em curso, de abertura de capital da CRT na Bolsa de
Valores.
Eu denunciava aqui, na sexta-feira passada, que a
CRT a partir do Governo do Estado, Alceu Collares, contratou por quatrocentos
mil dólares a Auditoria da Bianchessi Cia.-Auditores, para fazer um
levantamento, um discussão sobre alternativas para a CRT. Pois, o que quero
deixar claro, é que não sou pessoalmente contrário à capitalização da empresa,
seria ridículo ser contra a capitalização, numa empresa que necessita de
pesados recursos para atender à demanda para a qual foi constituída. A questão
é que qualquer processo de capitalização, de qualquer empresa pública estatal,
tem que ser feita pelo primado da transparência, pelo primado da clareza, com a
sociedade, porque, em última instância, é a sociedade das empresas públicas
geridas por determinados governos em determinados períodos. Vejam bem, há
várias áreas de sombra em todo esse processo em curso na CRT. Primeiro, foi
assinado um protocolo de intenções pela Diretoria da CRT com a STET - Estatal
de Telecomunicações Italiana - que assinou um contrato com o então Presidente
da empresa, nosso colega Ver. Milton Zuanazzi, que só veio à tona no dia em que
dois ou três executivos da estatal italiana, STET, bateram com malas e bagagens
na CRT querendo ocupar o seu lugar na gerência da empresa. Para espanto da
diretoria da empresa que estava lá em curso, do Secretário de Minas e Energia,
hoje Deputado Athos Rodrigues, chegaram lá alguns executivos, bateram lá pedindo
o lugar deles. “Mas que lugar? Vocês não têm nada a ver com a CRT aqui”.
“Temos, está aqui este contrato, este protocolo que nos garante a gestão, a
participação na gestão da empresa.” Aí é que veio o famoso caso chamado “Caso
do Protocolo da STET, negado antes por todo o mundo a existência dele. Pois
bem, este é o ponto um. O segundo ponto obscuro de toda esta história: a
auditoria da Biachessi Auditores, contratada por 400 mil dólares pelo Governo
do Estado, foi entregue no dia 18 de fevereiro à Direção da empresa. Pois num
ofício do atual Presidente da CRT, Luiz Carlos Tomazelli, este tratado de um
mês antes, 18 de janeiro, já pedia ao Banrisul propostas de abertura do capital
da CRT na Bolsa de Valores, um mês antes de a auditoria contratada por 400 mil
dólares chegar a uma solução. A Auditoria da Bianchessi coloca como uma das
tantas alternativas para a CRT, a abertura de capital. E quando trata deste
item - abertura de capital na Bolsa de Valores - o limita a cem milhões de
dólares. O contrato que deve ser firmado hoje - o prazo máximo para que a CRT
desse seu “de Acordo” - prevê a abertura, Ver. Jocelin Azambuja, de 300 a 500
milhões de dólares. De 3 a 5 vezes mais do que a auditoria, contratada pelo
Governo, indicava. Esse é o terceiro ponto obscuro em toda esta história,
porque ou a auditoria está errada e o Governo tem que pedir e esclarecer que
está errada ou ele jogou simplesmente 400 mil dólares no lixo, porque não está
atendendo a nenhuma das indicações que a auditoria lhe faz.
E a questão da gestão, que não é uma simples
abertura de capital, é a garantia da gestão da empresa para quem comprá-la. Aí,
aqui no Rio Grande do Sul, é o primeiro estado do Brasil onde se abrem as
portas para investimento internacional, no setor de telecomunicações. É o
segundo governo trabalhista, o primeiro encampou a ITT, o segundo está abrindo
para o capital estrangeiro sem explicação nenhuma, sem caridade nenhuma para
com a sociedade. É isso que tem que ser denunciado: estão abrindo a gestão para
o capital internacional e não há nenhum limite no contrato, ou seja, pode ser
toda a gestão. E isso todos nós queremos saber. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Verle.
O SR. JOÃO
VERLE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Temos onze Vereadores em Plenário,
sendo oito do Partido dos Trabalhadores, dois do PDS, um do PTB. Onze
Vereadores no final da Sessão de hoje - entra agora o Ver. José Gomes -, nove
Vereadores do Partido dos Trabalhadores.
Discutiu-se no início da Sessão sobre a questão
habitacional, especificamente sobre a área ocupada na Vila São Borja, de
propriedade do IPE. É uma discussão que vem-se arrastando já há algum tempo e
nós dissemos inclusive, por ocasião de uma visita que aqui fizeram os ocupantes,
através de uma Comissão, que o assunto dizia respeito ao Município mas também
ao Estado do Rio Grande do Sul, e que ambas as partes, mais os ocupantes,
maiores interessados, deveriam envidar todos os esforços para encontrar uma
solução que fosse satisfatória. Alguns Vereadores têm tentado jogar a
responsabilidade sobre o Município, exclusivamente. Em dois momentos, já foram
marcadas as datas para a reintegração de posse e uma vez foi, pela Direção do
IPE, adiada por oito dias, cujo prazo venceria amanhã, terça-feira, 6 de abril.
Nós dissemos que o prazo final não deveria ser o dia 29 de março nem seis de
abril. É evidente que não se pode atrasar indefinidamente. Não é possível
postergar “ad infinitum” o despejo ou a solução do caso. Mas como é um assunto
muito sério, que envolve cerca de mil famílias, que envolve recursos vultosos,
a serem despendidos pelo poder público, é preciso buscar uma solução com
paciência, com cautela, para, evidentemente, não desperdiçar nem tempo nem
dinheiro. Nós recebemos, há pouco, telefonema do gabinete do Prefeito dando
conta de uma comunicação do Exmo. Sr. Governador do Estado, dizendo que o
despejo não se fará no dia de amanhã. Então esta é a boa notícia. Não
esperávamos outra coisa, aliás, o Ver. Jocelin Azambuja, ocupando este
microfone, disse, com propriedade, que estando no Governo do Estado três
partidos que se pretendem progressistas, e, da mesma forma, no Município,
outros três com a mesma característica, ou parecidos, que nós iríamos buscar à
exaustão a solução para o caso, e essa notícia de que não se fará reintegração
de posse no dia de amanhã é uma boa notícia, temos que festejá-la, temos que
cumprimentar o Governador por essa sensibilidade, e continuar as negociações,
continuar a busca da solução. Esta Casa, como já disse, não está alheia.
Acredito, sinceramente, que vamos poder festejar uma solução satisfatória para
este caso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib. (Desiste.) Nada mais havendo a
tratar encerramos a presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h25min.)
* * * * *